A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


terça-feira, 10 de julho de 2012

Poder


Quando você Perde: quando voce dá Poder  para aquilo que não tem poder!
Quando você ganha: quando descobre que o poder está em ti de dar Poder para as coisas...

Tornamos o mal verdadeiro quando damos poder para os outros, para nossas raivas e mágoas, medos, etc...
Alimentamos demônios, que nos prendem e retiram nossa energia vital.
Nos tornamos escravos de padrões e vícios.

Recuperar o Poder..... este é o nosso caminho.....


Escola de Kabbalah

sábado, 7 de julho de 2012

A Segunda Mordida


Os cabalistas ensinam um conceito interessante e prático, dizendo que o pecado de Adão e Eva não foi a primeira mordida no fruto proibido, mas a segunda mordida.
Na primeira mordida eles tinham sido convencidos pela serpente que era isso que o Criador desejava deles, que comer a fruta iria revelar Luz.
Por isso deram a primeira mordida, com uma intenção pura, de compartilhar e revelar Luz.
Mas eles ainda não estavam prontos para lidar com tanta energia e ficaram apegados a ela.
Desfrutaram daquele prazer e não foram capazes de ter controle e abrir mão.
Então deram a segunda mordida, que foi somente para eles mesmos.
A primeira mordida não foi pecado, porque foi com a intenção de compartilhar.
A segunda mordida é que foi o problema, porque foi desejo de receber somente para si mesmo.
Na prática, temos vários exemplos assim na vida.
Um exemplo de primeira mordida é quando uma pessoa diz que quando for rica com certeza ajudará os amigos.
Realmente ela tem essa intenção. Quando fica rica, esquece da promessa.
É a segunda mordida.
Outro exemplo é quando uma pessoa solteira diz que quando encontrar a pessoa certa com certeza a tratará bem, com respeito e amor.
Quando se casa, se esquece dos tempos de solidão e trata mal o parceiro ou parceira.
Ou quando uma pessoa diz que nunca vai experimentar drogas.
Depois diz que vai só experimentar, só para ver como é.
Na segunda mordida já está viciada.
Talvez o exemplo mais espantoso se dê no terreno do trabalho voluntário.
A pessoa começa a fazer trabalho voluntário com a intenção de ajudar, de revelar Luz. Depois de um tempo, dentro da organização onde é voluntária, obtém uma posição de poder e status.
O ego domina a pessoa, e ela passa até a sabotar novos voluntários, com medo de perder sua posição.
E se alguém for falar com essa pessoa, ela negará tudo dizendo: "Como assim? Sou voluntário, não estou ganhando nada com isso!"
Mas quem disse que o único pagamento que existe é em dinheiro.
A pessoa está recebendo respeito, poder, posição.
Está em plena segunda mordida
Foi dominada pelo lado negativo, e nem percebe.
É fácil ser puro na primeira mordida.
Difícil é manter a pureza depois.
Precisamos estar sempre checando nossa consciência.
Por: Yehuda Berg

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Reencarnação - As Rodas da Alma


O Rabino Philip Berg, uma das principais autoridades mundiais em Cabala, aponta um caminho que desperta profundos pensamentos e revela de forma fascinante o seu verdadeiro eu.
Se você já iniciou a sua viagem pela mais impressionante aventura que uma pessoa pode empreender — o nascimento, o renascimento e a aventura — As Rodas da Alma é o equipamento recomendado para o primeiro passo.
Com um enfoque lógico e firme, o Rabino Berg oferece grande quantidade de informação sobre um dos assuntos mais controversos do mundo moderno: a ousada verdade da reencarnação.
Uma nova visão impressionante e revolucionária da natureza do homem, textos extremamente úteis que irão afetar sua vida — hoje e amanhã.
Em As Rodas da Alma, o Rabino Berg nos leva por uma apaixonante viagem interdisciplinar de uma alma cósmica, uma saga que continua a ser escrita à medida que a ciência continua a revolucionar nossa compreensão da origem, da evolução e do destino da humanidade, atingindo as fronteiras do infinito.
Um estimulante cabalista e um excelente mestre, o Rabino Berg apresenta nestes textos excitantes e escritos com fina elegância um novo referencial em um campo desprezado pela ciência e freqüentemente mal interpretado por psiquiatras e psicólogos.
 
Introdução
Quase vinte anos se passaram desde o meu encontro com meu mestre, o Rabino Brandwein, e o início da minha caminhada rumo à aprendizagem da Cabala e ao objetivo de poder eventualmente conduzir outros por este caminho.
Para minha consternação, no entanto, as pesquisas que realizei acerca deste assunto tão delicado e tão essencial, a reencarnação e a sua importância dentro da Cabala, logo revelaram como eram escassos os conhecimento nesta área disponíveis para o público em geral.
 
Efetivamente, quando comecei a examinar em detalhe o tema da reencarnação, logo me dei conta, para minha grande decepção, do pouco que foi escrito a respeito deste assunto pelos cabalistas judeus contemporâneos.
A maior parte das obras disponíveis sobre o assunto são de autoria de estudiosos não-judeus. Logo percebi que quando o tema da reencarnação era abordado entre judeus, se evidenciava um desinteresse e uma recusa latente em aceitar que a reencarnação tenha qualquer relação com o judaísmo.
Certamente não contribui muito para o prestígio dos estudiosos judeus o fato de que as obras de alguns escritores — como o próprio Zohar e Os Portais da Reencarnação do Ari — que estavam realmente informados do assunto, nunca tenham sido realmente levadas a sério, e nenhuma interpretação ou tentativa de entendimento destes trabalhos tenha jamais sido feita.
Mesmo quando procurava reunir dados sobre reencarnação conversando com outros estudiosos judeus, sentia um amargo antagonismo.
Eles pensavam que já que os guardiões autorizados da Cabala nunca haviam escrito em detalhe sobre o tema da reencarnação, mas que estudiosos não-judeus o tinham feito, melhor era deixar este assunto de lado.
É uma suprema ironia perceber que a Cabala, tão antiga e judaica quanto o próprio judaísmo, estava murchando em seu próprio jardim, somente para florescer entre os cristãos, poucos dos quais têm conhecimento da verdadeira origem dos mistérios de sua fé.
Além de sua base na Bíblia, a essência interna do cristianismo é totalmente cabalística. E até no Islã existe uma certa forma de Cabala.
Estes devotos da sabedoria não hesitam em difundi-la, mas, não obstante esta inclinação dos antigos cabalistas judeus de ocultar o passado, a mera avareza — por si só um anátema cabalístico — não é suficiente para explicar porque os judeus, não escreveram e nem ensinaram mais a respeito deste assunto em público.
Grande parte da razão da Cabala ter sido mantida sob um manto de segredo reside no fato de que até agora simplesmente não existiam meios viáveis para ensiná-la. Somente quando os conhecimentos sobre eletricidade, física e até os princípios gerais de mecânica quântica foram colocados ao alcance do indivíduo comum, se tornou possível ensinar a Cabala num espaço de tempo inferior ao de toda uma vida.
A Cabala, que está tão distante da religião quanto a química ou a física, sempre despertou atitudes hostis tanto dos religiosos quanto dos cientistas.
Os religiosos temiam a "blasfêmia" da sua lógica, e os cientistas temiam o aspecto metafísico, que a levava além do alcance atingido então pela ciência.
Foi somente com a descoberta da lei da relatividade por Einstein, e o estudo do mundo subatômico, que foi possível aproximar os cientistas e os cabalistas.
E foi somente com a chegada da Era de Aquário — a era messiânica — que o abismo que existia entre os religiosos e os cabalistas pôde ser coberto.
Agora, pela primeira vez desde o início dos tempos, a declaração básica de fé tanto para os judeus quanto para os cristãos, que é "Amarás a teu próximo", pode ser expressa na forma de uma fórmula matemática.
 
Estes textos sobre reencarnação serão mais do que um breve esboço de dados gerais sobre o tema conforme foram revelados nas obras clássicas do misticismo judaico.
Infelizmente, estas obras antigas são tão obscuras que chegam a ser opacas. Freqüentemente, quando tento definir e esclarecer um conceito sobre reencarnação, recorro à interpretação do Zohar escrita pelo Rabino Ashlag.
Mas contentar-me em meramente repetir o que ele escreveu me deixaria, todavia, com a pergunta: quem vai explicar a interpretação do Rabino Ashlag?
Sua explicação é realmente abstrusa e, como cabalista, penso que na época em que a escreveu não havia chegado ainda o momento de se revelarem os mais profundos segredos da reencarnação.
Agora, no entanto, toda a humanidade está entrando na Era de Aquário — a Era Messiânica, na qual tanto o judeu quanto o não-judeu deverão finalmente escrever o último capítulo de sua existência.
Os segredos da Cabala, assim como os da reencarnação, devem ser revelados, e tentarei nestes textos não somente resumi-los, mas, também, interpretá-los, dando-lhes um significado tanto para o leigo quanto para o estudioso.
Ao longo deste processo, estes textos questionarão muitas noções relativas à Cabala e ao conceito judaico de reencarnação que ainda não foram aceitas.
Este questionamento e as correções que deverão se seguir são a grande tarefa confiada aos eruditos judeus de nossa geração. É uma geração de diáspora generalizada — exílio religioso e social, tanto para os judeus quanto para os cristãos.
Observamos uma grande redução numérica entre os judeus, e uma grande diminuição das congregações da igreja cristã em todo o mundo.
Penso que a falta crescente de espiritualidade das duas religiões é a responsável por isso.
Na ausência da espiritualidade, as pessoas — mais sedentas do que nunca de iluminação espiritual ou simplesmente de serem compreendidas como seres humanos — se dirigem para outras fontes a fim de encontrar explicações que outorguem sentido às suas próprias vidas e às vidas de seus familiares e de seus amigos.
Infelizmente, as fontes buscadas freqüentemente carecem de informação ou de estudo baseado nas publicações mais verídicas e que oferecem os conhecimentos mais completos, nas quais se pode encontrar o cerne da informação a respeito do assunto da reencarnação.
Com isto, evidentemente, estou me referindo ao Zohar e aos Portais da Reencarnação, do Rabino Isaac Luria, que serão citados extensivamente nestes textos.
A tarefa de reescrever este material, com o propósito de oferecer uma compreensão mais profunda da interação das forças religiosas e sociais envolvidas no estudo da reencarnação, irá gerar algumas idéias que parecerão, à primeira vista, estranhas. Porém, se quero ter êxito em seriamente contribuir para o estudo de um assunto tão essencial e tão importante, estas idéias devem ser expostas. Tentarei apresentá-las da maneira mais clara e concisa possível.
 
Qualquer texto sobre reencarnação deve primeiro formular e responder três perguntas:
I) O que é reencarnação?;
2) Onde encontrar na Bíblia argumentos em favor da reencarnação?;
3) Como alguém pode reconhecer as suas próprias reencarnações?
 
Ao responder a estas perguntas, e às muitas outras que elas inspirarão, não estarei introduzindo nada de novo.
É curioso notar que, apesar de todas as dúvidas e de toda a falta de informação a respeito da reencarnação, existem quase tantas definições do termo quanto existem autores que escreveram sobre o assunto.
E, apesar de um número muito pequeno destes autores serem judeus, é no judaísmo que encontramos a verdade sobre o assunto.
Para conhecer esta verdade devemos ir à fonte, e a fonte é a Bíblia.
Em Eclesiastes 1:4, está escrito: "uma geração vai e outra geração vem, mas a terra fica para sempre".
O Zohar revela o verdadeiro significado deste versículo: a geração que morre é a mesma que vem substituí-la.
Um indício idêntico pode ser encontrado nos Dez Mandamentos (Êxodo 20:5) onde se diz: "Os pecados dos pais são lembrados até a terceira e quarta geração".
Isso não quer dizer, como alguns erroneamente interpretaram, que D'us é tão cheio de ira que não se contenta em punir aquele que pecou, mas pune também os filhos, os netos e os bisnetos inocentes do pecador.
Quem poderia amar e venerar racionalmente uma deidade tão vingativa e cruel?
O Zohar revela que o verdadeiro significado deste versículo é que a terceira e a quarta gerações são, na verdade, a primeira — a mesma alma voltando sob a forma dos seus próprios descendentes para corrigir os pecados mencionados como os "pecados dos pais".
Exemplos deste tipo, apoiando o caso da reencarnação, são abundantes na Bíblia e vamos, no decorrer destes textos, explorar vários deles.
 
Todavia, o conceito de reencarnação não é de forma alguma exclusivo do judaísmo. A idéia prevalecia entre os índios do continente americano; e também no Oriente, a doutrina da reencarnação é bastante difundida e tem uma grande influência.
É a base da maioria dos sistemas filosóficos da Índia, onde centenas de milhões de pessoas aceitam a realidade da reencarnação da mesma forma como nós aceitamos a lei da gravidade — como uma grande e inevitável lei natural que só um tolo questionaria. De fato, os judeus não são os únicos com a necessidade e com a vontade de seguir vivendo.
Torna-se óbvio, portanto, que a reencarnação é um dos pensamentos religiosos mais fundamentais da humanidade, quase tão fundamental quanto a crença na existência de D'us.
Porém, a maior parte dos autores que escreveram sobre o tema não mostraram conhecimento da origem desta idéia. O Zohar revela claramente esta origem, e o livro Portais dla Reencarnação a desenvolve. Mas, como toda idéia de grande antigüidade, o conceito de reencarnação chegou até nós envolto numa massa de superstições e de interpretações incorretas.
A idéia da superstição é tão repelente para a forma de pensar ocidental que o valor filosófico da própria idéia da reencarnação foi desacreditado.
Afinal de contas, quem dentre nós deseja considerar a possibilidade de reencarnar como um cachorro ou de retornar numa pedra?
Todavia, por baixo de todas as fantasias está escondida uma verdade eterna e essencial.
De que outra forma esta idéia poderia ter perdurado por tantos milhares de anos? Como poderia ter atraído tantos pensadores respeitáveis?
 
A pergunta que se faz desde tempos imemoriais, e com maior insistência desde o horror do holocausto, é a seguinte: se D'us realmente existe, porque há tanta miséria no mundo?
Por que há tanto sofrimento injusto, tantas dádivas não merecidas e tantos crimes sem punição?
Por que homens com perfeita saúde ficam repentinamente cegos, crianças inocentes são atingidas por doenças graves e mães lactantes são mortas por bêbados estúpidos correndo com seus automóveis?
Devemos supor que D'us não se importa?
Será que Ele é tão impotente que não consegue mudar estas condições?
Há neste mundo recompensa para o bem e punição para o mal?
Não é necessário muita observação para responder a esta pergunta.
Com demasiada freqüência o criminoso fica solto, o inocente vai preso e o indivíduo medíocre faz fortuna.
 
A Bíblia nos fala de um tempo em que os nossos sofrimentos serão recompensados e os nossos pecados serão perdoados. Ao longo dos séculos, o judeu almeja por este mundo, e o Zohar mostra que é precisamente este desejo, este olhar sempre voltado para o mundo vindouro, que permitiu aos judeus resistirem.
Se D'us realmente criou um mundo tão lamentável quanto este parece ser, que esperança podemos ter, em nome da lógica, de encontrar algo melhor no Paraíso? Se todas as almas são iguais ao nascer, por que os destinos humanos são tão desiguais?
Será que temos que recorrer à desencorajadora doutrina da predestinação e aceitar a existência de felizes eleitos?
Por que não recebemos todos a possibilidade de desenvolver os nossos potenciais? Será que é tudo uma questão de sorte?
Será que podemos conceber a idéia de um universo ordenado no qual o processo do destino humano é deixado nas mãos do mero acaso?
Não é significativo o fato de que todos os demais mecanismos do universo são governados por leis e princípios naturais?
Neste nosso mundo, a igualdade dos homens é um mito.
Apesar dos discursos dos políticos, somos desiguais moral, espiritual e intelectualmente.
As oportunidades e as limitações parecem jogar um eterno jogo de gato e rato com os nossos planos.
Alguns possuem corpos fortes e saudáveis; outros são fracos e doentes.
Alguns possuem mentes rápidas e brilhantes; outros são lerdos e limitados.
A igualdade é negada por cada fato da natureza.
O meio-ambiente mostra apenas desigualdades.
Uma criança nascida na África está condenada desde o nascimento a uma vida de extrema penúria. Outra, nascida numa civilização avançada, goza de todas as vantagens culturais e educacionais que esta oferece.
Uma nasce num quarto escuro e sujo de uma favela.
Outra nasce numa mansão deslumbrante e será criada com a mais esmerada atenção.
Se existem almas, e se são iguais ao nascer, por que há este favoritismo?
Será que não existe uma lei ou um propósito na atribuição dos nossos respectivos destinos?
Uma pessoa pode trabalhar toda sua vida e no final acabar num miserável quarto de hospital ou de um asilo. Outra pessoa herda vastas propriedades e goza de todos os luxos do mundo como se fossem seu próprio patrimônio, ainda que possa ser um preguiçoso, um parasita ou um membro inútil da sociedade.
Por que deve ser assim?
Não seria correto dizer que é uma questão de inteligência, porque muitos homens brilhantes fracassam e muitos tolos dão a impressão de que o dinheiro lhes cresce na ponta dos dedos. Para onde quer que olhemos, o mundo está cheio de desigualdades e de contrastes inexplicáveis.
A Bíblia diz que por trás de cada acontecimento está D'us; porém é difícil demonstrar este fato quando observamos a condição do mundo.
Pelo contrário, o caos moral parece mais evidente do que a ordem moral.
Não é de causar surpresa, portanto, que judeus e cristãos em todo o mundo estejam abandonando as suas sinagogas e as suas igrejas em números cada vez maiores.
O judaísmo e o cristianismo, em seu presente estado, estão ambos fracassando porque nos tornamos convencidos de que Adão jamais existiu.
O que se faz necessário hoje em dia é uma chave-mestra que nos abra as portas deste aparente caos, e que nos permita encontrar a ordem dentro dele.
A reencarnação, despojada de superstições e de meias verdades, pode ser esta chave.
A importância deste trabalho é o fato de que apresenta a verdade vital da reencarnação.
É surpreendente a rapidez com que pessoas sérias têm chegado a considerar favoravelmente esta noção.
Foi apenas nos últimos poucos anos que a reencarnação começou a ser considerada com seriedade, e só mais recentemente ainda passou a ser parte funcional de nossas vidas.
Hoje em dia, é razoável afirmar que milhões de pessoas no mundo ocidental consideram a reencarnação como a explicação lógica para os diversos problemas sociais, religiosos, humanísticos e ambientais.
Esta aceitação se estendeu bem além dos limites da Cabala original.
Há uma ampla oferta de cursos sobre este tema, com excelente aceitação.
Pelo fato de seus professores não conhecerem a Cabala, a maior parte destes cursos capta apenas uma fração da estrutura.
Todavia, aquilo que foi oferecido se tornou instrumental para melhorar a vida de muitas pessoas.
O conceito da reencarnação é uma ferramenta racional para lidar com os mais desconcertantes problemas humanos, tanto na comunidade judaica quanto na não-judaica, e por isso não existe poder igual para convencer, iluminar e inspirar.
Infelizmente, poucas pessoas se preocupam em analisar as suas próprias opiniões acerca dos problemas que afligem o mundo. Se o fizessem, ficariam surpresas em ver quantas explicações são aceitas como verdade sem se fazer nenhum questionamento.
Por exemplo: quando uma criança nasce, damos como certo o fato de que a sua consciência foi criada junto com o seu corpo, que o aspecto interior do indivíduo, que chamamos de alma, está presente e que, inevitavelmente, estará presente durante toda a sua vida. Por que aceitamos a proposição de que o elemento interno dentro de nós determina as nossas ações?
No meu livro "Introdução à Cabala" explico porque tal noção é logo aceita, sem nenhum pensamento além do que parece óbvio.
Explicando de forma sucinta, as coisas acontecem da seguinte maneira:
Em uma criança, pode se perceber o desenvolvimento da consciência — a mente, e a sua evolução com o decorrer do tempo. Constatamos o desenvolvimento da mente paralelamente ao do corpo. Na velhice, a consciência e o conhecimento desaparecem subitamente com a morte do corpo.
Portanto, parece razoável assumir que havia alguma coisa interna que, apesar de não poder ser percebida, devia existir.
Alguns poderão argumentar que o cérebro produz a consciência, e que muito daquilo que acreditamos ser interno foi de fato produzido pelo cérebro físico. Porém, esta não é, de forma alguma, a única explicação possível.
O crescimento de uma criança nos seus primeiros anos é tão extraordinário, levando em conta o seu curto tempo de vida, que realmente não é possível dizer que houve um desenvolvimento apenas a nível físico.
Quando o instrumento é destruído e a consciência não pode mais se expressar fisicamente, será que isto implica no desaparecimento da mente e da alma? Definitivamente, não!
A alma de uma pessoa não é mais dependente da existência do cérebro do que um músico é dependente da existência do seu violino, embora ambos os instrumentos sejam necessários para a expressão musical no mundo físico.
Só quando conseguimos entender completamente este ponto de vista é que podemos começar a abordar o estudo da reencarnação.
A consciência humana existia antes do nascimento e, por consciência humana, quero dizer a alma.
Este é o primeiro fato fundamental da reencarnação.
No decorrer destes textos, tratarei de demonstrar claramente que a morte só afeta o corpo.
A alma vive eternamente.
É a falta deste elemento de compreensão que nos impede de ter uma visão global de nós mesmos, de forma objetiva, ao invés de meramente observarmos os eventos enquanto eles passam pelo palco de nossas vidas, e percebê-los como partes desconexas de uma cena que se estende por um escasso período de 70 a 120 anos.
Minha intenção não é provar que a reencarnação é um fato da natureza, apesar de existirem várias evidências que confirmam tal proposição. Quem quer que sinta a necessidade de uma comprovação estritamente científica precisa perceber que, à medida que sondamos mais profundamente o universo subatômico de nossa existência, constatamos que a comprovação científica do que quer que seja se torna virtualmente impossível.
A mecânica quântica, e o agora cientificamente respeitado "princípio da incerteza", se encarregaram disso.
Essencialmente, a verificação não depende do acúmulo de provas mais sólidas da reencarnação, mas sim de se persuadir os céticos a aceitarem aquilo que já se tornou conhecido.
Como trabalham realmente os cientistas?
Se examinarmos a metodologia adotada pelos ganhadores do prêmio Nobel, constataremos que o progresso do conhecimento científico raramente é uma seqüência nítida, desde a predição teórica até a observação da prova.
Antes, foi a imaginação, o súbito relâmpago de intuição, que produziu os maiores avanços no meio da comunidade científica.
A ciência nunca foi um acúmulo de fatos conhecidos, nem nunca foi um conjunto de temas relacionados a fenômenos naturais. Ao contrário, a ciência é um método que nos permite descobrir como funciona o nosso universo através da apresentação de teorias e da tentativa de então se verificar estas teorias através da observação e da experiência.
Entre o mundo abstrato das hipóteses e o mundo real da observação haverá sempre uma tensão contínua, e às vezes até conflitos.
Essencialmente, os cientistas de destaque poucas vezes esperaram até que as questões fossem levantadas. Em vez disso, fizeram novas descobertas tateando bem adiante dos seus processos mentais.
Tendo observado que a condição social de muitas pessoas lhes impossibilita considerar a evidência da vida após a morte com um olhar imparcial, penso que uma nova abordagem deve ser adotada.
Assim como é impossível convencer a um homem cego de que existem estrelas, se ele já está convencido de que o céu é como um lençol opaco e escuro, do mesmo modo pode parecer impossível transpor os preconceitos que a própria idéia da reencarnação desperta em muitas pessoas. Todavia, se por uma intervenção cirúrgica pudéssemos devolver a visão a este cego, não seria mais necessária nenhuma discussão adicional.
Estes textos são oferecidos, então, como uma tentativa de popularizar um procedimento operacional que irá tornar as pessoas capazes de abrirem o olho de sua visão interior e, ao fazê-lo, compreenderem que o homem é uma criatura que pode atingir um estado de existência mais exaltado.
Como já expliquei em Introdução à Cabala não se trata aqui de uma questão religiosa.
A reencarnação não é uma questão de fé ou de doutrina, mas de lógica e razão. Entretanto, a Bíblia é a sua principal fonte.
Nestes textos, irei apresentar não apenas informação existente sobre este assunto, mas também, pela primeira vez, material de novas fontes, para demonstrar que a reencarnação é um fato essencial da vida, seja qual for a crença ou a doutrina sob a qual esta vida é vivida.
Os múltiplos desenvolvimentos da reencarnação irão proporcionar a todos os homens e mulheres uma das razões centrais de suas existências.
E irá explicar o motivo de nosso comportamento.
 
Por: Philip Berg

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Revelando Verdades


Há algumas semanas, fui visitar um dos meus pontos preferidos de Israel e coloquei uma foto dele no Facebook.
Um amigo comentou: “Também vou colocar minhas fotos de lá hoje”.
Fiquei tão feliz! Meu amigo estava em Israel e tinha estado lá no mesmo dia que eu! Enviei-lhe um email, perguntando: “Qual o seu próximo ponto de visita? Podemos nos encontrar? Estou com tanta vontade de te ver, meu caro amigo”.
Ele respondeu de volta: “Yehuda, estou em Los Angeles. Eu quis dizer que hoje vou colocar minhas fotos de quando estive lá”.
Nem preciso dizer como fiquei decepcionado, mas isto também me fez dar risada.
Como escritor, sei que as palavras podem ter vários significados – e isso pode se tornar uma armadilha quando se trata de estudo espiritual.
Muitas vezes acontece isso com meus livros e com os escritos do meu pai.
Os alunos falam uns com os outros e dizem coisas do tipo:
“O Rav não quis dizer isso” ou “Acho que Yehuda estava tentando dizer outra coisa”.
Cada um de nós vê, escuta e entende as coisas com seus próprios filtros individuais.
É quase como se o mundo fosse um imenso espelho, no qual não enxergássemos nada além de nosso próprio reflexo.
Com tantas más interpretações possíveis, como podemos nos treinar de forma melhor para escutar a verdade?
Quando estamos pensando somente em nós mesmos, vemos as coisas apenas no que se referem a nós.
Somente quando escolhemos começar a pensar nos outros é que podemos começar a vislumbrar as coisas como elas realmente são.
Ao nos importarmos mais profundamente com aqueles ao nosso redor, e ao buscarmos formas de colocar suas necessidades à frente das nossas, merecemos ver um cenário muito mais amplo do que apenas o de nosso próprio umbigo.
Nosso ego e seus desejos interesseiros sempre nos distanciarão da verdade.
Quanto mais incluirmos os outros em nossa consciência, tanto mais nos distanciaremos do nosso ego e tanto maior será a revelação da verdade.


Yehuda Berg 

terça-feira, 3 de julho de 2012

O Candelabro Luminoso


Em cada um dos braços do Candelabro Luminoso brilhava a luz de uma emanação divina.
Como safiras, elas iluminavam o caminho do conhecimento e da sabedoria do Mestre dos mistérios, Yosséf Ibn Chiquitilla (Joseph ben Abraham Gikatilla (em Espanhol: Chiquitilla, "o pequeno")).
Por lembrarem o esplendor das pedras preciosas, as emanações das energias divinas foram chamadas de Sefirot
Com a luz do candelabro, o mestre buscou responder às perguntas que até hoje intrigam a humanidade:
O que faz com que certos casais se encontrem e se mantenham juntos?
Como se explica que um casal deu certo e outro não?
Qual o tempo adequado para encontrar a pessoa com quem realizamos o sonho da alma metade?
Que mistério é este que faz com que duas pessoas se disponham a viver juntas o resto de suas vidas, e tanto esforço seja investido para manter este objetivo?
 
Quando os antigos cabalistas liam a história de Adão e Eva, enxergavam uma mensagem diferente daquela a que estamos acostumados.
Onde muitas tradições vêem o pecado do sexo, aqueles mestres perceberam um casal humano que reproduzia a imagem divina e santificava em seus corpos a unidade de D's.
 
E D's disse: façamos um ser humano à nossa imagem e semelhança...
O Rav Yirmiyah, filho de Eleazár, inteipretou:
“Quando a Santidade, louvada seja, criou o primeiro ser humano, Ele o criou andrógino, pois está escrito "homem e mulher Ele os criou"”.
Rav Shmuêl, filho de Nahman, disse:
"Quando a Santidade, louvada seja, criou o primeiro ser humano, Ele os fez com dois rostos, depois serrou-os ao meio e fez as costas de um e as costas de outro." Opuseram-se a ele (os outros rabis): Mas está escrito: "Ele tomou uma das costelas (“tzéla”) de Adão".
E Rav Nahman respondeu que isto significa um de seus lados, pois (também) está escrito "o lado (“tzéla”) do Tabernáculo".
 
Neste debate sobre o primeiro casal, Rabi Yirmiyáh argumentava que o ser humano foi criado com os dois sexos que, mais tarde, foram separados, ou seja, tratava-se de um andrógino. Enquanto isto, Rav Shmuêl considerava que o primeiro ser humano possuía duas faces e foi dividido em dois e, em seguida, D's completou o resto do corpo que lhes faltava.
Outros rabis presentes relembraram a descrição bíblica em que "Eva saiu da costela de Adão", mas Rav Nahman não se deixou impressionar, e apresentou um argumento surpreendente para apoiar a sua idéia de um corpo com dois sexos:
No livro do Êxodo, onde se conta a saída dos hebreus do Egito, Rav Nahman encontrou a mesma palavra que em hebraico se usa para dizer de onde Eva foi retirada.
Tanto no Êxodo quanto no Gênese aparece a palavra “tzéla”.
Se num caso “tzéla” se refere ao lado do Tabernáculo, a Arca da Aliança onde eram carregadas as Tábuas da Lei e o candelabro sagrado, logo, no caso de Adão, conclui o Mestre Nahman, também podemos entender que Eva foi tirada de seu lado, e não de sua costela!
A Arca da Aliança guardava segredos que dizem respeito aos mistérios da Criação. Betzal'êl, o artesão, reproduziu em suas dimensões as medidas secretas que os anjos lhe revelaram. “
Se na construção da Arca a palavra “tzéla” foi usada como "lado", é claro que o mesmo termo empregado na criação do ser humano também pode ser usado com este sentido, pois, afinal, Adão, também criado ã imagem das medidas de D's, reflete em seu corpo as forças que habitam o Divino.
Assim, ao invés de lermos que Eva foi feita da costela de Adão, deveríamos entender que ela foi retirada de seu lado.
Como dizia o mestre, ela era a metade do andrógino humano.
Se “tzéia” — “lado”, aparece em um lugar tão santificado quanto o Tabernáculo, não há dúvida de que nesse uso o Criador quis transmitir um mistério.
E que mensagem mais importante pode haver do que lançar a luz do candelabro sagrado sobre os segredos da criação do homem e da mulher?
 
Lendo os textos do Gênese, os mestres entenderam que na primeira etapa da Criação Adão e Eva eram seres espirituais. Ali eles aparecem como o Um eterno e indiferenciado, um ser único de duas faces, ou seja, um andrógino espiritual reproduzindo a imagem do Divino com suas energias masculinas e femininas. Depois, quando se tornaram carnais, eles foram separados e transformados em seres dotados de sexos independentes.
O casal, quando se encontra no ato amoroso, reunifica o andrógino e reconstrói a unidade do Divino. Eles fazem do leito de amor um espaço de santidade, um verdadeiro templo onde as presenças feminina e masculina de D's se refazem de uma longa separação.
 
A Cabala é um convite para abandonar os modos comuns de refletir e deixar-se levar por princípios com que não estamos acostumados, trilhando caminhos cheios de imaginação. É seguir os passos daqueles antigos mestres que usavam ao mesmo tempo o conhecimento e a meditação como instrumentos para alcançar os seus objetivos.
A Cabala ensina que a vida é a arte de receber e repassar afetos e conhecimentos. Quando nos abrimos para receber, somos influenciados por tudo que aceitamos. Nesta troca, o que transmitimos vai marcado e transformado pela pessoa que recebeu, deixou-se influenciar e passou adiante.
 
Nestes textos que começaremos a estudar a partir de hoje resolvi adotar o termo "presentidade", palavra que funde “presença" e "divindade".
A tradição da Cabala chama de Shechinah a presentidade feminina de D's sobre a terra. Ela transforma o encontro do casal num lugar semelhante ao Templo de Jerusalém, a morada de D's.
A tradição cabalista diz que a Shechinah — presentidade no mundo de baixo - é uma necessidade das alturas. Esta afirmação, dita em hebraico, adquire um duplo sentido.
Por um lado, ela expressa na palavra “alto” o sentido de importante, mas, ao mesmo tempo, indica que é do "alto", de D's mesmo, que vem a necessidade de garantir que a Sua parte feminina permaneça entre os homens, realizando, deste modo, o "Zivugáh de Kadishá", o Hieros Gamos, o santo casamento divino entre Ele e Sua metade feminina.
 
Em Segóvia, na Espanha, mais de mil e duzentos anos depois da destruição do santuário de Jerusalém e da dispersão dos judeus, vamos encontrar Yosséf Ibn Chiquitilla debruçado sobre este tema que tanto ocupou a tradição cabalista.
Lendo os comentários dos sábios que o precederam, o mestre se defrontou com uma verdade que saltava aos olhos: na tradição judaica o casal ocupa um lugar de referência na manutenção do destino do mundo.
Desde o momento em que o texto bíblico afirmou que "macho e fêmea os criou, à Sua imagem e semelhança", o divino e o destino do casal humano se entrelaçaram de maneira indissolúvel.
Ao longo de sua evolução como estudioso da Cabala, da medicina e da filosofia de seu tempo, Chiquitilla (Gikatilla) buscou entender o mistério da união dos casais a partir de uma análise cabalista da relação entre o Rei David e sua amada, Betsabé. Apoiado no conhecimento das Sefirót, as Emanações Divinas, ele teve a percepção de que as almas também eram andróginas, e chegou a conclusões sobre os fatores que determinam o sucesso ou o fracasso do encontro do casal.
Para ele o tempo certo é que determinava o destino do encontro!
Uma vez decifrado o mistério da união do homem e da mulher, Chiquitilla construiu um ensinamento de como o casal deve agir para viver uma relação conveniente. Nesta relação, o mestre identificou fatores como conhecer o outro, o tempo, a alimentação, a intencionalidade, a sexualidade, a qualidade do encontro, criando um autêntico guia amoroso para que os casais possam ter uma vida feliz, capaz de provocar no alto a união entre os aspectos masculino e feminino da divindade.
Uma espécie de "Kama Sutra" — onde o prazer sexual se confunde com a responsabilidade social e cósmica, é o que marca a diferença entre a obra de Chiquitilla e os outros ensinamentos que tratam destes assuntos.
Ele chamou de "Carta Sobre a Santidade" (em hebraico, “Iguéret baKóklesh”), o livro onde reuniu as suas conclusões.
Escrito sob a forma de cartas, trata-se de uma correspondência fictícia enviada para um discípulo anônimo pelo Mestre dos Mistérios Yosséf Ibn Chiquitilla. Dividindo a obra em seis capítulos, como os seis braços da Menoráh, o candelabro que se encontrava no Santuário de Jerusalém, o Mestre quis indicar que o seu desejo era iluminar o encontro do casal, trazendo uma visão de corpos onde habitam as almas e as paixões. “Hibúr” — “adição”, o termo que ele usa para relacionamento sexual, é a matemática divina que soma dois corpos e suas almas para gerar uma nova realidade cósmica.
Ao longo da construção do candelabro, de onde a luz iria brilhar, Chiquitilla orientou o casal para que a relação sexual os transforme em sócios da obra divina: num mundo onde D's se torna sócio de um ato carnal, não se pode atribuir impurezas ao corpo e aos seus sentidos.
Vinda de Aristóteles, o Grego “Maldito”, como dizia o mestre Chiquitilla, a idéia da impureza do sentido do tato chegou ao Judaísmo através do Rabino Maimônides, autor de uma vasta produção filosófica e religiosa.
Contra ambos, mestre Chiquitilla trava um batalha aberta:
Como podiam considerar o tato algo impuro se a obra divina torna o corpo santificado em todas as suas funções?
Por isto é que ele chama o grego de maldito, por negar a natureza divina do tato e do corpo.
Quando Chiquitilla encontrou uma passagem bíblica onde estava escrito que "D's constrói nos céus os seus degraus e funda na terra o seu feixe," entendeu a palavra “feixe” como sinal da união entre o homem e D's.
Na criação e na administração do mundo, unidos como em um feixe, eles são sócios e co-responsáveis do empreendimento.
Do mesmo modo, quando no Gênese Chiquitilla leu "façamos o homem à nossa imagem e Semelhança", a sua interpretação foi nova e original.
Tratava-se, segundo o Mestre, de D's se dirigindo a Adão em um projeto de criar, em sociedade, seres à imagem de ambos.
O homem e a mulher, através de seus corpos, se associam ao Divino na multiplicação das imagens. Seguidor da tradição que ensina aos homens a necessidade de consertar o mundo, que permanece rompido e desequilibrado, Chiquitilla quis criar um meio de gerar filhos capazes de realizar essa tarefa.
Na visão da Cabala, a Criação foi atravessada por uma ruptura cósmica, que gerou um mundo partido.
Os canais que ligavam as Sefirót, emanações divinas, se romperam e, por causa desta ruptura, o mal permaneceu misturado com o bem.
Aos seres humanos cabe a tarefa de consertar o mundo, nascido da catástrofe cósmica, refazendo os canais que ligam as Sefirót entre si e permitindo, desta forma, a continuação do fluxo de energia entre D's e os homens.
A gota de esperma que fecunda a mulher se transforma no lugar do encontro marcado entre D's e o casal.
Ato onde o corpo e a alma entram em porções iguais, acaba por atrair a Shechináh, a presentidade feminina de D's, e Sua voz se ouve entre os amantes da mesma maneira como ela se manifestava no Santuário de Jerusalém.
Em cada casal renasce o projeto onde os filhos gerados serão Justos, Tzadikin, emissários para a construção de um futuro melhor, e a "Carta Sobre a Santidade" se transforma em mapa para alcançar este objetivo.
 
Para a Cabala, a santidade do texto bíblico não significa fazer os homens ficarem paralisados diante dele. Corno um poeta que usa as palavras como ferramentas para escavar a linguagem, desfazendo e refazendo sentidos, lemos e deslemos o texto, mergulhando no mundo da escrita sagrada em busca dos ensinamentos contidos sob a aparência da narrativa.
Se a Cabala fosse somente a prática de receber e conservar, buscando manter as coisas na aparência de uma eternidade imutável, seria uma repetição estéril que não permitiria transcender os limites da escrita sagrada e buscar seus mistérios. Para que seja mantido o movimento do divino jogo que envolve as forças do cosmos, não basta receber, é preciso transformar e repassar.
Desta aventura, inspirado pelos autores que me precederam, nascem estes textos.
 
Por: Paulo Blank

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Faça Alguma Coisa


O Rav Berg, sempre diz que, para criarmos milagres em nossas vidas, precisamos de uma fusão de energia espiritual e ações físicas.
Não adianta simplesmente rezar por um milagre.
É preciso fazer algo para que ele aconteça.
 
Pense no seguinte: Uma pessoa está em um quarto escuro.
Para acender a luz precisa ir até o interruptor e acioná-lo.
É claro que o interruptor não é o que causa a luz, a corrente elétrica é responsável pela iluminação. Mas sem a ação a luz nunca se manifestaria.
 
O mesmo é verdadeiro no caso da Luz espiritual.
Entendeu a mensagem?
Faça alguma coisa.
 
Por: Yehuda Berg