A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


terça-feira, 9 de novembro de 2010

Cabala Mahuti - Sabedoria

Sabedoria não é informação ou inteligência.
Num primeiro contato , um sábio pressupõe inteligência e o inteligente pressupõe sabedoria.  
Mas não podemos cair nesse julgamento.
E é muito fácil cairmos nisso,  pois hoje em dia,  abraçamos muito facilmente o discurso inteligente e rejeitamos muito  facilmente o discurso de sabedoria, pois  o mundo contemporâneo é um mundo que se constrói  para valorizar o sujeito.
Um discurso inteligente é articulado de tal forma que você  se sinta enorme.
O oposto do discurso sábio, que elucida a sua precariedade.

O que realmente vai fazer você construir possibilidades onde elas não existiam, e quando  você  elimina o que é precário em você , e pra isso  tem que olhar pra isso.  
E olhar para suas precariedades não é algo do discurso edificante do mundo contemporâneo.
O discurso próprio de sabedoria não é sedutor como o inteligente.
Toda a disposição do que se supõe ser caminho espiritual hoje no mundo é discurso inteligente.
Raramente você  encontra sabedoria.
Nos últimos 300 anos não há nenhuma literatura sabia  de Cabalá que tenha sido publicada. É no máximo um  discurso inteligente, tolo e tosco, mas que compramos pois  é barato  porque temos um mal gosto indescritível .
Estupidez é quando eu me paraliso, não consigo ter respostas de sabedoria  perante a existência e me paraliso.
O discurso inteligente é aquele que justifica a paralisia, então quase sempre o que acontece é que o inteligente é, no máximo, um estúpido articulado.
Retórica é sempre um artifício de sedução, pois posso falar a coisa mais absurda do mundo, mas se eu tiver domínio de retórica, sou  capaz de convencer por absurdos.
A sabedoria não esta ligada a retórica como  não esá ligada ao carisma.
Isso é sedução.
Isso só amansa você para alguma finalidade.

A perspectiva da realidade comum é apenas ficção. 
Por mais banal que seja todo o evento tem um pensamento.
Quando  olhamos uma cadeira, por trás dela há um pensamento : a estética, a tendência estrutural, a historia de como ela se transformou no que é e etc.
Um copo de plástico não é só um copo, ele é um pensamento.
Você não é guiado pela realidade perceptível, você é guiado pela realidade não perceptível, mesmo que não saiba disso.
São coisas que entram em você  e você não  percebe.

Intento é a relacao com o sagrado.
E isso, é acessar a realidade incomum, é quando o divino descreve o mundo. 
Abraão seguia a Torah, mas ela foi revelada só à partir de Moises,  500 anos depois, como pode?
A Torah não e um livro , ela existe antes  do livro existir, o livro é uma tentativa de expressar poeticamente os elementos da realidade incomum.

Em outras tradições sempre foram usados poemas também.
Só o poema pode supor a revelação da sabedoria.
Hoje em dia há tão pouca  sabedoria, que ficamos discutindo se Abraão era caolho ou não, particularidades sem importância.
Pouco importa a questão  biográfica de Abraão.
O que é valido é o pensamento que ele revela através de seus feitos no poema, que não é sua trajetória na historia.

O elemento factível é totalmente dispensável, não me interessa como cabalista, se o mar vermelho foi aberto ou não, o que interessa é porque ele foi aberto, ou seja, o pensamento por trás do evento, a segunda visão.
O homem da sabedoria não se detém na realidade comum factível,  pois ela não doa sentido algum, ela é apenas superfície.
Não interessa nenhuma perspectiva  arqueológica do poema bíblico, tudo que esta escrito ali pode ser uma grande invenção, mas absolutamente é doadora de sentido, pois o pensamento  doado à nós pelo poema não e invenção, é muito claro.

Fonte: Academia de Cabalá Mahutí

(repasse Marcelo Veneri)

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