O poder que o mal possui sobre nós, fazendo-nos nos desconectar, é o poder da ilusão.
Pois nenhuma pessoa inteligente faz, voluntária e propositadamente, algo que possa feri-la.
Apenas quando se convence (ou outros a convenceram) de que este mal em especial não a ferirá, ou o fará apenas temporariamente, ou que o dano será suplantado pelas vantagens que trará, é que a pessoa permite-se ligar ao mal.
Provavelmente, na maioria dos casos, o mal vence porque convence a pessoa que é para seu bem sucumbir a ele.
Porém, mais tarde a realidade nos atinge, e admitimos, para nosso constrangimento, que fomos ludibriados.
Esta sedução foi um ardil; o estímulo foi apenas momentâneo, trazendo em sua esteira sentimentos de rebaixamento e traição vã.
Há duas maneiras de reagir a este despertar: devido ao arrependimento por ter sido tão grosseiramente enganada, a pessoa pode resolver jamais incorrer no mesmo erro novamente.
O temor motiva-a a identificar e resistir às tramas do mal na próxima vez.
Agora que se elevou a um nível de consciência superior, no qual está claro que suas falhas anteriores foram o resultado de ter sido enganado, transforma efetivamente aqueles pecados intencionais prévios em pecados involuntários.
“Se soubesse antes aquilo que sei agora, jamais teria pecado”, portanto a única razão para ter pecado foi porque estava agindo sob o efeito de uma ilusão.
Jamais pretendeu causar o efeito que o erro na verdade ocasionou.
Em um nível mais profundo, a pessoa pode olhar em retrospecto para o pecado do qual agora se arrepende e considerar o que foi que a fez sucumbir.
O modo pelo qual o mal a seduziu a cometer o pecado foi prometendo-lhe alguma emoção, da qual sentia muita falta.
Como a Luz do Mundo Infinito é a fonte de toda verdadeira vida, o mal estava na verdade disfarçando-se de Luz, dessa maneira atraindo com suas garras.
O mal estava brincando com o desejo inato de cada um de conhecer a Luz da maneira mais completa possível.
O contexto da manobra foi de fato mau, mas o seu âmago foi a centelha de santidade nele embutida.
Uma vez que a pessoa tenha sucesso em isolar o sagrado âmago no contexto do mal, poderá então concentrar-se nele, e ver qual a fascinação que tem para si.
Se a alma não pode conseguir o que precisa em um contexto puro e sagrado, produzirá ânsias de consegui-lo em outros contextos.
Ao negar-se uma saída sagrada para sua legítima ânsia por estímulo, força esta vontade a emergir para a superfície de modos mais destrutivos.
A solução aqui seria separar algum tempo para si mesmo, seguir o caminho para o qual sua neshamah (nível da alma consciencial) deseja levá-lo e buscar a iluminação dos textos da Torah, para que os mesmos ajudem a iluminar cada consciência.
Portanto, além da primeira reação do nunca mais, a atitude mais profunda é isolar o âmago do bem dentro do pecado e reorientar a busca para ele, de seu mau contexto até um de santidade.
O pecado então serve como motivação para buscar a Luz do Mundo Infinito, de uma maneira mais intensa que aquela que a pessoa tinha consciência antes de ter pecado.
Quando a pessoa assim o faz, transforma efetivamente seus pecados intencionais em méritos.
Por causa do pecado está procurando e encontrando a Luz do Mundo Infinito em um nível mais elevado que o de antes.
Quando a fuga do pecado é baseada no medo das conseqüências, a atmosfera em que vivemos torna-se de amargor e paranóia.
Quando é baseada na transformação do mal, a atmosfera na qual vivemos é de alegria, amor e compaixão.
Quanto maior o sucesso que a pessoa tiver em retificar seu lado mais negativo, menos será incomodada por pensamentos evasivos e ânsias que emergem involuntariamente.
Apenas quando a pessoa for libertada desta identificação com seu problema, poderá encará-los objetivamente, e transformá-lo em bem.
Fonte: Academia de Cabala
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