A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


sábado, 19 de maio de 2012

Ensinamentos da Cabala - Conceitos Básicos



Antes: O tempo espiritual funciona de acordo com a lei de causa e conseqüência, ou seja, o antes é o que gera o depois e, por conseguinte, depois é a conseqüência desse antes.
 
Depois: É o efeito resultante da energia produzida pelo estado que o precedeu.
 
Luz/Or: É a energia que se expande do Ein-Sof, vivificando todos os mundos e estratos da Criação.
É para nós tudo aquilo que é recebido e contido nos olamót/mundos do ponto de vista de iesh mi-iesh/criação a partir do criado, que compreende tudo, salvo a substância dos kelim/instrumentos de recepção de Or, que são criados a partir da ausência, tsimtsúm.
São os diferentes graus da Realidade Infinita, revestidos em nossas almas e denominados, a partir de nossa recepção e apreensão, da seguinte maneira:
 
Hebraico      Português              Característica
Iechidá         Unicidade                Plenitude
Chaiá            Vitalidade               Vontade
Neshamá      Aspiração                Pensamento
Rúach                     Vigor-Sopro             Emoção
Nefesh          Impulso de Fogo      Instinto
 
 
Or Elion: Com o termo Luz Superior/Or Elión designamos a Luz, que se expande do Atsmút haBore/Essência do Criador, origem e causa das causas.
Ou seja, Ele Mesmo e não suas vestimentas nem nomes, nem denominações nem manifestações.
E deves saber — nos ensina o Rabino Ashlag — que todos os nomes e adjetivos que utiliza a Sabedoria da Cabalá não são e não existem em Atsmút haBore, mas somente na Luz que se expande d'Ele. Em Atsmút não há para nós nenhuma palavra nem articulação sonora, porque essa é a regra geral: Todo estado espiritual que não conseguimos alcançar, tampouco o conhecemos pelo nome.
 
Or Ein-Sof: É a plenitude da Luz Infinita que preenche toda a Realidade sem deixar espaço para que surja nenhum desejo nem vontade que a limite.
No estado de Ein-Sof/Infinito, diferentemente dos olamót/mundos, o desejo não limita a plenitude da Luz.
 
Tsimtsum: Contração original.
É a ação que contrai o desejo de receber/ratsón lecabel o Or Ein-Sof, deixando ali um espaço vazio/chalal panúi, onde se manifesta a Criação.
 
Olamot/Mundos: São os cinco graus gerais de ocultamento da Luz Infinita/Or Ein-Sof. Dimensões espirituais que surgem logo após o tsimtsúm.
São os diferentes extratos que existem na realidade que, quando recebidos e assimilados, são percebidos de forma material, instintiva, emocional, mental e espiritual, denominados:
Adám Kadmón - Homem Primordial
Atsilút - Emanação
Briá - Criação
letsirá - Formação
Assiá - Ação
Adám Cadmon: É o primeiro mundo que recebe a Luz do Infinito/Ein-Sof e que se manifesta logo após o primeiro tsimtsúm. Denomina-se também Linha Única/cav echad, pois recebe toda a realidade de forma completa.
Adám Cadmon é o aspecto anterior à polarização masculina — feminina, ainda nem em potencial; portanto, não pode gerar um espaço para que os mundos inferiores (Briá, Ietsirá e Assiá) se manifestem.
Esses três mundos criam, formam e fazem, respectivamente, o pensamento, a emoção e os atos (Neshamá, Rúach e Néfesh).
No Adám Cadmon a Luz Infinita ilumina com tanta intensidade que só é possível assimlar-lo através de graus muito elevados da Neshamá (Iechidá).
 
Atsilút/Mundo da Emanação: É a raiz dos três mundos inferiores: Briá, Ietsirá e Assiá. No Olam Atsilú/lmundo da Emanação, a polarização masculina-feminina, apesar de não se manifestar como tal, já existe em potencial.
O Olam Atsilút é denominado também de Olam ha Ticún/mundo da correção do desejo da Neshamá.
Esta denominação se deve a que, no estado anterior (Adám Cadmon), apenas a índole da alma, denominada Iechidá, tem a possibilidade de surgir.
Por outro lado, o Olam Atsilút permite que outros aspectos da alma se manifestem e corrijam seu desejo de receber egoísta, transformando-o em desejo altruísta.
O estudo detalhado deste processo está explicado no "Talmud Esser haSefirót"/0 Estudo das Dez Sefirót", do Rabino Ashlag.
Tudo o que ocorre nos mundos inferiores é resultado de como estes recebem o superior, e não como o superior é por si mesmo.
Por isso devemos saber que todas as explicações sobre os mundos superiores, ou seja, os estados superiores da alma, referem-se à nossa compreensão temporal e espacial. Por isso devemos depurar nossos desejos e nossa vontade através do trabalho na Torá e nas Mitsvót, para conseguir expandir nosso limitado mundo a mundos espirituais superiores, já que todos os mundos estão no homem. (Ver figura 1)
 
Cada mundo superior gera aquele imediatamente subsequente a si, sendo que os mundos inferiores estão potencialmente contidos nos superiores.
Isso é uma analogia ao relato da Criação, no qual primeiro surge Adám, análogo ao Adám Kadmón, logo após Adám e Chavá, análogos à Atsilút, e posteriormente Adám, Chavá, Caim e Abel, etc. análogos à Briá, Ietsirá e Assiá.
Adám e Chavá, antes de comerem do fruto proibido — o desejo de receber/ratsón lecabel — estavam no estado de Gan Éden/Paraíso, análogo ao olám Atsilút.
Após provar do fruto proibido — o desejo de receber/ratsón lecabel — perdem o estado de Gan Éden/Paraíso (olam Atsilút), dando início ao ciclo temporal—espacial (Briá, Ietsirá e Assiá).
A perda do estado edênico e a entrada nos domínios do desejo de receber — a Criação — continuará até que todos os âmbitos da realidade alcancem a harmonia infinita.
 
Iesh Mi Iesh: Existe a partir do que há.
Refere-se à Luz/ Or que existe mesmo antes da Criação dos mundos.
 
Iesh Mi Áin: Existe a partir do que não há.
Isso se refere à ratsón lecabel/desejo de receber, que é o novo que surge com a Criação, ou seja, o Klí.
 
Chalal Panúi/Espaço Vazio: Produzido pelo ato do tsimtsúm.
Antes da Criação, quando a Luz Infinita/Or Ein-Sof preenche a realidade não há espaço vazio, um lugar livre ou algo que necessite de aperfeiçoamento ou correção (Ticún). A Luz preenche completamente o espaço de maneira que não deixa espaço vazio, nem possibilidade alguma para nenhum outro estado inferior surgir, limitando assim sua perfeição.
Só por causa do tsimtsúm revela-se o estado de carência e falta como algo novo, tornando-se um chalal panúi para a correção do desejo da alma.
 
Luz e Instrumento de Recepção da Luz: O desejo de receber do emanado é denominado Klí/instrumento de recepção (ou recipiente, vasilha), e a plenitude que recebe é denominada Or/Luz.
 
Luz Circular: É a Luz/Or que não faz diferença de graus nos receptores.
 
Luz Simples: É o Or que inclui dentro de si o Klí, ao ponto de não fazer diferença entre o Or e o Klí.
 
Luz da Sabedoria/Or de Chochmá: É a primeira expansão de Luz em direção do emanado, contendo toda sua essência e vivificação.
 
Luz de Entrega/Or de Chassadim: É o Or que reveste o Or de Chochmá, propiciando-lhe a possibilidade de ser recebido pelos emanados, ou seja, pelo desejo de receber da Neshamá.
 
Ar Vazio/Avir Reicani: É o Or de Chassadim antes de se revestir de Or de Chochmá.
 
Um: A Luz Superior/Or Elión, que se expande a partir da Essência do Criador/Atsmút haBore , é apenas uma, e simples como a própria Essência do Criador.
É da mesma forma no Infinito, e inclusive no mundo da Ação/olam Assiá, ou seja, sem mudança nem anexo, e portanto é denominada Um. Nenhuma das modificações e nomes existem na Luz; estes surgem nos receptores que, ao limitar sua recepção da Luz, recebem-na de forma parcial.
 
Criador/Bore: A denominação Criador surgiu com a Criação, a partir da qual o desejo manifesta-se como ente autônomo fora da Luz.
 
Fusão, União Espiritual/Devecút: No terreno espiritual, são o desejo, a vontade e o objetivo que unem ou separam.
Quando dois ou mais estados têm os mesmos desejos, vontades e objetivos, encontram-se em devecút, ou seja, fundidos (acoplados)—unidos espiritualmente.
 
Chalal/Espaço: O desejo de receber que está incluído no Infinito, quando se esvazia de Luz, percebe-se como a escuridão, com respeito à Luz.
Com respeito a seu instrumento de recepção, distingue-se como chalal, isto é, como um espaço de trabalho sobre o desejo.
 
Klí: O desejo de receber do emanado é denominado klí.
 
Maatsil/Emanador: Toda causa é denominada maatsil sobre o extrato que se desprende dele. Todo extrato que surge como conseqüência desse maatsil é denominado neetsál/emanado.
A denominação maatsil inclui tanto a prolongação do Or que este gera, como também o klí que vai receber aquele Or. Isto significa que no maatsíl estão incluídos, potencialmente, todos os estados que surgirão a partir dele.
 
Expansão/Hitpashtut: O Or que "sai" do âmbito do Emanador e chega ao âmbito do Emanado é denominado expansão, isto é, que emana, que sai.
"E deves saber que o Or Elión/Luz Superior não é modificada nem afetada por esse processo, pois isto é igual aquele que acende uma vela com outra, onde não falta nada à vela que acende, nem ela é afetada; é a vela acesa que sofre uma mudança por causa dessa ação".
Portanto, a hitpashtút/expansão se refere ao efeito que causa nos emanados, e não no Emanador, que permanece imutável.
 
Nomes: Os dez nomes que aparecem na Torá nos indicam dez formas gerais através das quais o homem pode perceber a Luz.
A Luz sempre chega aos receptores, ou seja, ao nosso desejo, mas a diferença está em como nós a recebemos: se pelo caminho da consciência, de acordo com as leis codificadas na Torá, ou se pelo caminho do sofrimento e da experimentação permanente.
Exemplo: A energia elétrica nos traz benefícios se a usamos de forma correta ou, pelo contrário, pode nos causar muitos danos, se não respeitamos as leis de como utilizá-la.
Por sua vez, a corrente elétrica manifesta-se de diferentes formas, de acordo com o aparelho, instrumento (klí) etc., que a recebe, transmitindo-nos luz, calor, frio etc.
 
Os dez nomes que a Torá utiliza ao referir-se à Energia Criadora, representam dez formas gerais nas quais a Essência do Criador se manifesta frente nossa percepção. Cada nome reflete, de forma geral, a atividade de uma sefirá determinada (ver figura 2)
 
Por: Chaim David Zukerwar



Conforto Mata


É a poção que nos faz vaguear de modo irrefletido e robótico em direção à morte.
É uma droga mortal, vendida em todas as partes da prisão, fluindo pelas veias dos seus prisioneiros.
A droga é o conforto.
O conforto é a ilusão de que estamos chegando a algum lugar enquanto a esteira rolante gira e o relógio bate. O Conforto éum cobertor quente que nos mantem envoltos no desejo de receber somente para nós mesmos, esquecidos da necessidade urgente de mudança.
"Estou me sentindo confortável. Esta prisão na verdade não é tão ruim assim. Talvez o objetivo da vida seja ter uma estada produtiva na prisão. Um dia posso até chegar a ser presidente de um bloco de celas. Pode acontecer. É uma prisão livre."
Ou,
"Estou me sentindo confortável. Sabe, pode ser que eu nem esteja na prisão. Talvez eu estivesse alucinando esse tempo todo. Talvez eu esteja nos mares do sul e estes muros de concreto sejam na verdade areia, e a lâmpada simples seja um sol quente e brilhante."
O conforto mata, ainda que buscá-lo seja uma estratégia de sobrevivência determinada biologicamente.
Os organismos instintivamente fogem do desconforto; é por isso que eles sobrevivem.
Mas aquilo que é confortável para o corpo é uma angústia para alma.
Como almas, estamos aprisionados num drama de sobrevivência de 24 horas do corpo que habitamos.
O conforto que verdadeiramente queremos, o conforto último e único, é a união com o criador.
Por um lado temos o conforto ilusório do corpo, e, por outro lado, o verdadeiro conforto da alma. Não podemos estar confortáveis em ambos os universos ao mesmo tempo, assim como não podemos ir para o leste enquanto estivermos indo para o oeste.
Ou estamos nos movendo em direção a Deus ou estamos nos movendo em direção ao ego, à morte e ao sofrimento. E o caminho para o verdadeiro conforto — que é Deus — passa por uma grande dose de desconforto.
Passa por desconforto porque exige a destruição da necessidade de se sentir especial, da ânsia por aprovação, do anseio de pertencer, do vício no agrado das lisonjas — toda a junk food (porcaria, lixo) mental, desprovida de verdadeiro valor nutritivo, que enfiamos em nossos cérebros para alimentar a ilusão do ego.
A jornada para Deus é um assento ejetor da zona de conforto.
Se o sinal disser desconforto, sabemos que estamos no caminho certo.
Quando vamos contra nossa natureza humana, estamos no caminho certo. quando alguém ferir nosso ego, e, em vez de sairmos indignados como de costume, nos sentirmos gratos aos que nos insultaram, aos que nos ofereceram esta oportunidade de trazer mais luz e menos conforto para nossas vidas, aí estamos no caminho certo.
Definimos conforto como a ausência de dor.
M o verdadeiro conforto é o cruzar de um abismo.
Num lado estamos nós.
Do outro está a plenitude.
Temos tentado arrastar a felicidade para o nosso lado do abismo, quando o que realmente temos que fazer é pular para o outro lado.
Saltar o abismo significa a transformação total da nossa natureza: nos tornarmos como o Criador, em vez de esperar que o criador se torne como nós.
Um famoso cabalista explicou desta maneira: estamos tentando transformar os desejos de Deus em nossos desejos, para que Ele nos dê o que queremos.
Mas na verdade os desejos de Deus são o que precisamos, e por isso devemos fazer nossos desejos se conformarem aos Dele.
Quando um aluno reclamou que tinha rezado repetidamente, mas Deus não tinha respondido suas orações, o cabalista respondeu: "Deus respondeu suas orações. A resposta foi não".
Quando estamos desconfortáveis, as barras da prisão se enfraquecem.
Quando compartilhamos quando compartilhar é desconfortável, estamos batendo com um aríete contra os muros.
Quando damos boas-vindas à humilhação, as portas da prisão se deslocam em suas dobradiças.
Então se queremos buscar nos tornar como Deus, devemos buscar o desconfortável —com uma grande quantidade de pequenos passos, todos levando à mesma direção: para fora da zona de conforto.
A lição da roupa de palhaço
Certo dia um famoso cabalista estava caminhando quando se voltou para seu companheiro e disse: "Está vindo desta casa o aroma maravilhoso do Jardim do Éden. Vamos investigar "
Os dois entraram na casa.
O cabalista explicou ao dono por que tinham parado e lhe perguntou se poderiam procurar o que estava produzindo um cheiro tão inebriante.
O homem concordou, encantado por receber dois sábios tão renomados.
O cabalista e o outro passaram de quarto em quarto, e chegaram por fim ao dormitório do homem. O cabalista entrou no closet e, pedindo para examinar seu interior, encontrou, escondida bem no fundo, atrás de sapatos e caixas, uma roupa de palhaço.
O cabalista pegou a roupa e anunciou: "É daqui que sai a fragrância do Jardim do Éden que enche esta casa, e chega até a rua. Senhor, poderia nos fazer a gentileza de nos contar a história desta roupa?"
O rosto do homem enrubesceu. "Eu realmente preferiria que você não tivesse levantado esse assunto. Faz tempo que tenho tentado esquecer isso! Mas para você eu contarei a história”.
Alguns anos atrás, um dos moradores deste vilarejo veio a mim desesperado, pedindo dinheiro para ajudá-lo a tomar fôlego enquanto quitava algumas dívidas. Eu disse a ele que faria tudo que pudesse.
Sendo que naquela época eu tinha pouco dinheiro, bati em todas as portas da vizinhança, pedindo dinheiro para ajudar um homem numa situação difícil.
Pouquíssimos dos meus vizinhos contribuíram com alguma coisa, e ao fim de seis ou sete horas indo de casa em casa, eu não tinha juntado praticamente dinheiro nenhum.
Já era tarde da noite, e, bastante cansado, eu entrei na taverna local para beber alguma coisa, pensando no que mais eu poderia fazer para ajudar o pobre homem. Desesperado, olhei na minha carteira, mas não havia o suficiente nem para fazer uma redução significativa nas dívidas dele.
Na mesa do lado, um grupo de homens ricos estava rindo e batendo grosseiramente nas costas um do outro, evidentemente bastante bêbados.
Um deles se debruçou até onde eu estava, com um forte cheiro de cerveja em seu hálito, e perguntou: 'Por que você está parecendo tão amuado?'
Contei-lhe a história toda e ele disse: 'Tenho uma idéia. Eu lhe darei o dinheiro, mas você precisa fazer uma coisa para mim. Tenho esta roupa de palhaço e quero que você a vista e caminhe comigo pela cidade. Que comédia isto vai ser!'
Eu olhei para ele chocado. 'Mas já passou de meia-noite', balbuciei. 'Nós vamos acordar todo mundo.'
O homem rolou de rir. ‘A idéia é justamente esta', ele disse.
Bem, as ruas de nossa cidade estão mais para ruelas do que para ruas, e todo o povo gosta de deixar as janelas de seus quartos abertas à noite. Era evidente que estávamos para dar início a um tumulto. Eu pensei que se pudesse correr pela cidade rápido o suficiente para evitar ser linchado, talvez não fosse um preço tão caro a pagar para conseguir o dinheiro de que precisava.
Finalmente encarei o homem e disse: 'Tudo bem. Eu aceito.'
O que eu não tinha previsto é que o homem traria todos os seus companheiros de bebedeira para se divertir com ele. Então lá estávamos, desfilando pela cidade, 30 bêbados cantando e gritando, e eu na frente vestido de palhaço, pedindo que a terra se abrisse e me engolisse.
Luzes se acenderam em toda parte. Homens irados e mulheres de camisola olharam por suas janelas e berraram obscenidades para nós.
Um bom número esvaziou seus penicos. Isto durou mais do que uma hora, ao fim do que não havia um homem, mulher ou criança na cidade que não tivesse testemunhado minha total desgraça.
Finalmente, os bêbados acharam que bastava. O homem me pagou o dinheiro e corri para casa, meu rosto queimando de vergonha. Joguei a roupa de palhaço no fundo do armário e fiz todo o possível para esquecer aquela noite - a pior noite da minha vida.
Quando o homem terminou sua história, o cabalista olhou para ele com os olhos brilhando. "Isto explica por que esta fragrância extraordinária vem do seu armário. Sua ação de compartilhar destroçou seu ego de forma tão completa que uma quantidade incrível de Luz, foi revelada. De fato, a proteção é tão poderosa que mesmo depois de sua morte ela perdurará. Diga a sua família que o enterre nesta roupa quando você morrer, pois isso lhe dará admissão imediata ao Jardim do Éden."
A história da roupa de palhaço é uma aula em nível de pós-graduação em destruição de ego. A roupa ofereceu desconforto suficientemente poderoso, para garantir ao seu usuário admissão instantânea ao Jardim do Éden.
Mas para a maioria de nós, tornar-se como Deus provavelmente não será resultado de um gesto grandioso.
Virá em inúmeras pequenas vitórias, nos levando passo a passo para fora da cela de prisão do conforto.
Buscando ativamente o desconfortável, nós despertamos nossa natureza divina.
Debaixo de cada pedra de desconforto se esconde uma oportunidade de se tornar como Deus.
A questão não é: estou fazendo ações espirituais?
A questão é: estou fazendo ações desconfortáveis?
Desafiamos o Oponente em seu feudo pessoal, a zona de conforto, cientes de sua grande mentira. Ao contrário do que ele promete, quando buscamos o conforto antes da transformação, nunca estaremos verdadeiramente à vontade.
Por outro lado, quando se tornar como Deus é nosso único objetivo, encontraremos a paz derradeira.
Estes textos devem fazer você se sentir desconfortável, ou terão fracassados em sua missão.
É um convite pessoal para o conforto último que nos aguarda do outro lado do desconforto.
É a luta da sua vida.
É a luta pela sua vida.
Por: Michael Berg