A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O Sofrimento, o Bem e o Mal



Segundo a Cabalá, o sofrimento é parte da retificação do mundo (Ticun Olam).
Quando o mundo for retificado, não haverá sofrimento em nenhum nível.
Ao nos aproximarmos da revelação de Mashiach, o sofrimento aumenta, pois todas as centelhas caídas devem ser redimidas.
Quando as pessoas passam por situações difíceis, as retificações acontecem.
Para os cabalistas, toda a sua vida se justifica em função das correções que você precisa realizar ao longo de sua experiência existencial.
Mas o tempo é muitas vezes um obstáculo para se perceber a verdade.
Para a Cabalá, tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Pois cada coisa que a Luz do Mundo Infinito fez no mundo inferior foi determinada por um tempo fixo e um limite.
A Luz determinou um tempo para a claridade e um tempo para a escuridão.
Muitas vezes somos impedidos a perceber com clareza a lógica (muitas vezes não linear) desta relação de causa e efeito.
Não muito raramente podemos ser levados a questionar se realmente existe justiça no mundo.
Este “tempo” (intervalo) entre a causa e o efeito, que muitas vezes provoca uma (errada) impressão de caos é denominada de “exílio”.
O exílio vem a ser o encobrimento da Verdade Divina que é clara em outros níveis espirituais, mas que aqui no mundo físico parece encoberta pela C’lipah (Casca).
Elevar a percepção de modo a conseguir ver tanto o Mundo Revelado quando o Mundo Oculto equivale a “juntar as letras do Nome”
E como é isso?
A Cabalá interpreta que o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal representa a tentativa de reconciliar Daat Elyon, (a consciência objetiva, infinita), a perspectiva da Luz do Mundo Infinito sobre a realidade, que percebe todos os eventos que acontecem neste mundo como verdadeiramente bons, e Daat Tachton (a consciência inferior subjetiva, finita), a perspectiva do homem sobre a realidade que vivencia o mal, a dor e o sofrimento neste mundo.
Devemos ter a certeza de que tudo aquilo que a Luz Infinita faz é para o bem do indivíduo e para o bem geral.
Os sábios afirmam que o bem procede do Olam D'itgalia, o Mundo Revelado, ao passo que o mal vem do Olam D'itcassia, o Mundo Oculto.
O Mundo Oculto, representado pelas primeiras duas letras do Tetragrama, “yud” – “hei”, vem de uma origem mais elevada que o Mundo Revelado, representado pelas segundas duas letras, “vav” – “hei”.
Conforme nos ensina Rav Abuláfia, para o mestre, esse “juntar as letras do Nome” (conseguir ver tanto o Mundo Revelado quando o Mundo Oculto) aconteceria inevitavelmente em nossos dias.
Mas temos que nos esforçar para romper a C’lipah.
E uma das formas disto ser feito é por intermédio do desenvolvimento do espírito devocional.
O desenvolvimento do espírito devocional é o começo do processo espiritual denominado Ticun HaMidot (retificação das emoções).
Este é um trabalho fundamental, complexo, e difícil para a elevação espiritual deste mundo através do homem, e que depende e existe somente graças à capacidade de alteração da própria natureza emocional dele.
Este Ticun HaMidot é algo de um poder extraordinário que tem o poder de mudar o mundo, e poderá existir com qualidades infinitas e absolutamente espirituais na Era do Mashiach , ainda que em um estado material.
O Ticun possui o poder de determinar o fim de uma sentença, digo, sua anulação; pois o fim de algo é causado quando as relações dominantes (no corpo) deste algo são modificadas ao ponto de que o caráter formativo destas relações não mais opera de acordo com sua natureza original.
Mas o que precisamos fazer para realmente mudar e cumprir o nosso Ticun?
É vital nosso Avodat Hashem (o trabalho espiritual), pois em um mundo físico dominado pelo aumento progressivo de desordem, somente o trabalho espiritual com o devido espírito devocional (atributo de Keter) age como uma força contrária à degeneração do mundo, e que tanto adoça a severidade imposta nele, além de elevá-lo de forma a garantir que esta luta tenha como objetivo central o “renascer” do mundo, permitindo assim a vinda do Olam Habah (Mundo Vindouro, Consciência Ilimitada) de ilimitadas potencialidades.
A experiência do tempo somente pode existir em sua verdadeira grandeza quando a pessoa passa a ter o domínio deste tempo.
Quando o cabalista vivencia, por exemplo, o SHaBaht em seu potencial devocional mais elevado é como se estivesse aproximando o Olam HaBah para o mundo físico. De fato, a era do Mashiach representa um grau de união da criação com a Luz do Mundo Infinito que afetará toda a natureza, inclusive suas leis e dimensões, pois neste momento todos os dias serão SHaBaht.
Ou seja, todos os dias comportarão a tomada de consciência do tempo real.
No entanto, existe um outro momento além do SHaBaht no qual a união das leis e dimensões naturais são unificadas – este momento tão especial ocorre em Chanukah.
A realidade física é formada por dez dimensões.
Estas dez dimensões são como uma subdivisão de dimensões que se formam do Mundo Infinito até o mundo físico.
A Chanukiá (candelabro de nove braços, usado durante os oito dias do feriado judaico de Chanuká) contém nove velas (para nove dimensões); uma vez acessa, ela estabelece assim a décima que é a unificação do espaço-tempo.
Com isso, o símbolo máximo de Chanukah, as luzes milagrosas da Chanukiá, temos um portal de todas as realidades eternas da criação.
Isso quer dizer que neste portal unem-se não somente todas as dimensões da realidade, mas, além disso, elas todas em todos os tempos, digo, do passado, presente e futuro, como se a Or Ein Soph estivesse fisicamente “congelada” no tempo em que as luzes se acendem.
Injeta-se na consciência uma reflexão sobre o próprio Ticun e uma nova tomada de consciência se forma, permitindo a cada um de nos tornar-se mais e mais semelhante a Mashiach.
Quando contemplamos as velas de Chanukah e estabelecemos as kavanot (focos, intenções) necessárias, a alma se recorda, por assim dizer, de sua raiz na Santidade Divina, ou seja, em um reconhecimento de que ela mesma é uma parte de D’us, pois como aprendemos na tradição oral: a luz de Hashem é a alma do homem.
Fonte: Academia de Cabala

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