A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


segunda-feira, 14 de maio de 2018

Causa e Efeito

A cabala ensina a conexão de causa e efeito das nossas fontes espirituais.
Essas fontes se conectam de acordo com regras constantes e absolutas, visando um objetivo mais elevado: a compreensão sobre o Criador por parte de todas as Suas criaturas existentes no mundo.
De acordo com a cabala, tanto o ser humano como um todo, como cada indivíduo, tem que alcançar seu ponto mais alto de entendimento sobre o objetivo e o programa da criação em toda a sua plenitude.
Em cada geração, há pessoas que, através de trabalho pessoal constante, alcançam um determinado nível espiritual.
Em outras palavras, ao subir a escada, conseguem atingir o topo.
Qualquer objeto material – desde o mundo micro ao macro e suas ações – é controlado por forças espirituais que permeiam todo o nosso universo.
Isso pode ser representado como se o universo estivesse sobre uma rede, trançada com essas forças.
Como exemplo vamos pegar o menor organismo vivo, cujo único objetivo é sustentar sua existência por um tempo longo o suficiente para procriar a geração seguinte. Quantas forças e sistemas complexos funcionam nesse organismo!
E quantos desses sistemas o olhar humano e sua experiência limitada deixam de perceber.
Multiplique essas forças pelo vasto número de criaturas vivas que já existiram no nosso mundo – isto é, o Universo e os mundos espirituais – e teremos apenas uma vaga e remota idéia do número de ligações e forças espirituais que nos controlam.
A grande variedade de forças espirituais pode ser imaginada como dois sistemas iguais e interconectados. A única diferença entre eles é que o primeiro sistema vem do Criador e desce através de todos os mundos até alcançar o nosso.
O segundo vem do nosso mundo e percorre todo o caminho para o alto, de acordo com as regras já desenvolvidas e elaboradas no primeiro sistema.
O primeiro sistema é chamado na cabala “A Ordem da Criação dos Mundos e do Espírito”.
O segundo é chamado “Compreensão ou Passos de Profecia e de Espírito”.
O segundo sistema supõe que aqueles que desejam atingir o topo terão que agir de acordo com as leis do primeiro sistema, e é exatamente isto que se estuda na cabala.
No entanto, no mundo espiritual, o principal fator de descoberta e compreensão não é o tempo, mas sim a pureza de espírito, pensamento e desejo.
No mundo material, existem muitas forças e fenômenos que não sentimos diretamente. Por exemplo, eletricidade, ondas magnéticas, etc. O efeito de suas ações, seus nomes, são familiares até para as crianças. Muito embora nosso conhecimento sobre eletricidade seja limitado, aprendemos a usar este fenômeno para algumas de nossas necessidades.
Denominamos esse fenômeno tão naturalmente quanto falamos de pão e açúcar.
Da mesma forma, todos os nomes na cabala parecem dar uma noção real (material) ao objeto espiritual. Mas se pensarmos sobre isso, não são só sobre os objetos espirituais que não temos idéia.
Não temos noção sobre o Próprio Criador, assim como não temos uma noção real de qualquer objeto, mesmo aquele que sentimos com nossas próprias mãos.
O caso é que não sentimos o objeto em si mas sim nossa reação à sua ação e influência. Essas reações nos dão o que parece ser conhecimento, embora o objeto em si, sua essência, permaneça oculta. Mais do que isso, não podemos sequer compreender a nós mesmos!
Tudo o que sabemos sobre nós provém apenas de ações e reações..
A ciência, como instrumento de pesquisa do mundo está dividida em duas partes: o estudo das propriedades da matéria e o estudo da sua forma. Em outras palavras, não há nada no universo que não consista de matéria e forma. Por exemplo, se pegarmos uma mesa como uma combinação de matéria e forma, então a matéria é a madeira e o móvel é a forma, o formato da mesa.
Outro exemplo pode ser a palavra mentiroso, onde a matéria é o corpo do homem que carrega a forma, a mentira.
A parte da ciência que lida com o estudo da matéria baseia-se em experimentos.
Com base nesses experimentos científicos, conclusões são tiradas.
No entanto, a parte da ciência que estuda a forma sem qualquer conexão com a matéria, especialmente aquelas formas que nunca foram ligadas a alguma matéria (por exemplo, comunismo como um ideal!) não pode se basear em experimentos.
Isto porque não existe nada que seja forma sem matéria no nosso mundo.
A separação da forma da matéria é possível apenas na nossa imaginação.
Logo, todas as nossas conclusões nesse caso são baseadas apenas em premissas teóricas. Todo o campo da alta filosofia pertence a essa categoria de ciência e a humanidade tem sofrido frequentemente por causa de suas conclusões infundadas. A maioria dos cientistas contemporâneos voltaram as costas para este método de estudo, já que não existe absolutamente qualquer certeza sobre a validade das conclusões.
Ao explorar o mundo espiritual, o próprio homem na verdade descobre que seus próprios sentimentos são apenas desejos do alto para que ele se sinta desta forma.
Ele sente esse mundo espiritual como um objeto existente separado e não como parte do Criador, enquanto todo o mundo circundante é apenas uma ilusão da ação das forças espirituais sobre nós.
Vou esclarecer esse pensamento com um exemplo:
“Era uma vez um pobre homem que vivia em uma pequena aldeia. Ele possuía uma carroça com dois cavalos, uma casa e uma família. De repente, uma onda de infortúnio se abateu sobre ele. Os cavalos se feriram, sua esposa e filhos morreram, a casa caiu, e por causa da sua dor, ele morreu logo depois. E então, uma decisão foi tomada em seguida nas cortes superiores, sobre como compensar uma alma que havia sofrido por tanto tempo e assegurar sua felicidade. Eles decidiram dar-lhe o sentimento de estar vivo, de possuir uma família consigo, sua casa e seus bons cavalos. Eles o fizeram sentir-se satisfeito com seu trabalho e com sua vida.
Esses sentimentos podem ser interpretados exatamente como nos sentimos em um sonho, quando o que ocorre conosco em um sonho parece bem real. São apenas os nossos sentimentos que criam a figura do nosso entorno. E então, como podemos distinguir ilusão de realidade...
A Kabbalah, como uma ciência do mundo, também se divide entre o estudo da matéria e da forma. No entanto, ela possui uma qualidade marcante que demonstra sua superioridade sobre os outros métodos científicos. A sua parte que lida com o estudo da forma sem matéria é totalmente baseada em controle experimental e conseqüentemente pode ser verificada e testada!
O Kabbalista, tendo alcançado o nível espiritual do objeto estudado, recebe todas as suas qualidades em si mesmo. Desta forma, dentro de si, ele sente um entendimento completo e pode lidar de forma prática com diferentes tipos de formas antes da sua incorporação material.
É como se ele estivesse olhando todas as nossas ilusões como um observador externo!
A Kabbalah, assim como qualquer outra ciência, utiliza certos símbolos e terminologias para descrever objetos e ações. A força espiritual, o mundo, a sefirá, são chamados pelo mesmo nome que usamos para o mesmo objeto controlado por essa força em nosso mundo. Uma vez que todo objeto ou força material possui um respectivo objeto ou força espiritual que controla suas ações, existe uma “correspondência” completamente acurada entre o nome dado no mundo material e sua raiz espiritual – a fonte. Logo, dar nome a um objeto espiritual é possível apenas para um Kabbalista que tenha ele próprio alcançado um altíssimo nível de revelação.
Ele terá alcançado o nível do próprio objeto espiritual e enxerga como ele afeta e influencia nosso mundo.
Os Kabbalistas escrevem seus livros e passam seu conhecimento usando essa linguagem.
Essa linguagem é extremamente precisa.
Ela se baseia na fonte espiritual do objeto material e não pode mudar.
A ligação entre o objeto e sua fonte espiritual é imutável.
Isso é bem diferente do nosso uso corriqueiro da linguagem.
Nosso idioma terreno, de todo dia, está gradualmente perdendo sua acuracidade, já que está ligado apenas à forma exterior.
Um entendimento básico simples da linguagem não basta.
Mesmo que saibamos o nome de algum objeto material inferior, ainda não conseguiremos compreender sua forma espiritual mais elevada. Somente se conhecermos a forma espiritual poderemos compreender e ver sua implementação material, “a ramificação”.
Isso nos leva à seguinte conclusão: primeiro, é essencial entender a fonte espiritual do objeto material.
Temos que conhecer sua natureza e propriedades.
Só então podemos passar para sua ramificação em nosso mundo e estudar sua interação. Esta é a única maneira para o entendimento verdadeiro da linguagem da Kabbalah.
No entanto, surge uma questão natural.
Como pode um iniciante dominar essa ciência quando não pode nem mesmo entender adequadamente seu mestre/professor?
A resposta é muito simples.
Isto só é possível quando nos elevamos espiritualmente acima deste mundo.
Só é possível se nos livrarmos de todos os vestígios de egoísmo material e aceitarmos os valores espirituais como únicos.
Só o anseio e a paixão pelo espiritual no nosso mundo – essa é a chave para o mundo mais elevado.

Por Yehuda Berg

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