A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


terça-feira, 24 de maio de 2011

Parábola sobre um Rei


Negrito e entre aspas: Texto original do Baal HaSulam
Regular: Comentários do Rav Laitman
 
O Baal HaSulam escreve:
"Uma parábola sobre um rei que se apegou ao seu servo....".
Em outras palavras, o Criador escolhe uma pessoa ou servo. Por que um servo? Porque essa pessoa está totalmente sob a influência do Criador ou sob a influência de sua própria natureza. As condições internas naturais de uma pessoa, bem como todas as condições externas, são, obviamente, criadas pelo Criador.
Portanto, "Uma parábola sobre um rei que se apegou ao seu servo, e quis elevá-lo acima de todos os ministros". Isto é, acima de todas as forças com as quais o Criador controla este servo.
Uma pessoa neste mundo é controlada por diversas forças provenientes do Criador. Elas despertam propriedades específicas dentro da pessoa e formam condições específicas em torno dela, de modo que a pessoa é um servo de suas condições internas e externas.
Uma pessoa é feita de um único material chamado "o desejo de se deleitar" ou egoísmo. Devido a isso, ela calcula a todo o momento como usar esse egoísmo para sofrer menos e satisfazer-se mais.
Constantemente, ela faz um cálculo muito simples: como conseguir a satisfação máxima com o mínimo de esforço. Dentro de nós existe um programa muito interessante. É um programa para a maximização do prazer com a minimização dos esforços.
Assim, o Criador escolhe uma pessoa e quer elevá-la acima de todas as condições a que são chamados seus ministros.
"Uma parábola sobre um rei que se apegou a seu servo, e quis elevá-lo acima de todos os ministros, pois havia reconhecido um amor verdadeiro e determinado em seu coração". Evidentemente, o servo não entende isso. Mas o Criador entende, pois foi exatamente Ele quem colocou o ponto no coração dentro deste servo ou dessa pessoa. Este ponto é uma parte do Criador, e é dado de cima. No entanto, este ponto no coração é apenas um ponto. Além disso, não está aí graças à pessoa, mas sim foi criado pelo Criador.
Então, o que pode ser feito para que a pessoa ascenda acima da sua própria natureza até o nível do Rei, ou o nível do Criador? Se o próprio Criador fizesse isso, então, Ele criaria um boneco, o mesmo que existe em nosso mundo agora, num nível menor. Ele simplesmente o elevaria e faria um grande boneco, mas esse não seria um indivíduo independente, que é semelhante e igual a Ele em sua liberdade, poder, realização e possibilidades.
É por isso que se diz: "No entanto, não é um comportamento de um Rei elevar alguém ao nível mais elevado de uma só vez, sem uma razão aparente", ou seja, sem que a pessoa tenha pré-requisitos para isso.
"Pelo contrário, a obrigação do Rei é revelar as razões a todos com grande sabedoria". O que significa "obrigar o Rei a revelar a todos"? Para quem o Rei tem obrigação? Ele não tem obrigação com ninguém.
"Para revelar a todos", significa revelar a todos os atributos dentro de uma pessoa, os quais a controlam. Isto é, revelar a todos os ministros que a pessoa está acima deles. Além disso, para fazer isso de forma que todos os esforços sejam feitos pela própria pessoa, de modo que ela tome qualquer um dos atributos que o Criador lhe envia e o corrija, de tal forma que se converta no chefe deste ministro, ou no chefe do atributo.
"O que ele fez?" para poder elevar a pessoa ao seu nível, para que a pessoa pudesse caminhar por esta senda de forma independente e, dessa maneira, se tornasse igual ao Rei? "Ele designou o servo guardião do portão da cidade...". Ele chama essa pessoa e a designa guardião. Guardião do quê? Do seu próprio egoísmo! Para se certificar que ela não o utilize para o seu próprio benefício.
Isto significa: "Ele designou o servo guardião do portão da cidade, e pediu que o ministro, que era um brincalhão esperto, fingisse que se rebelava contra a realeza, e declarasse guerra para conquistar o castelo quando o guardião não estivesse preparado".
O ministro fez o que o Rei mandou: com muita astúcia e inteligência, fingiu que queria capturar o castelo do Rei. E o servo, que cuidava o tesouro, lutou até a morte para defender o seu Rei, lutando com grande coragem com o ministro disfarçado, sem poupar forças, sem poupar sua vida; e o seu amor pelo Criador foi revelado a todos.
Obviamente, o servo não sabia que o próprio Criador enviara este ministro disfarçado de criminoso e que queria capturar o castelo do Rei, para matar o rei e tomar seu lugar. Isto é, o Criador concede a uma pessoa a chance de ser um guardião de Suas câmaras.
Depois que o servo lutara até a morte, sem se poupar e sem jamais pensar em si mesmo, foi revelado todo o seu amor pelo Rei. "Então, o ministro tirou seu disfarce e houve uma grande algazarra, porque ele havia lutado tão ferozmente, e agora percebia que tudo havia sido apenas uma ficção, e não uma realidade. Eles riram muito quando o ministro contou com que profundidade teve que imaginar sua crueldade e o medo que havia previsto. Todos os detalhes desta terrível guerra eram motivo de risadas e grande alegria".
É exatamente isso que acontece conosco quando tentamos nos conectar com o Criador e, ao mesmo tempo, recebemos todos os tipos de obstáculos. Nós não suspeitamos que esses obstáculos também vêm do Criador.
O Criador nos confunde tanto que não há como sabermos que tudo realmente vem dele. Contudo, a nossa devoção a Ele e nossa prontidão para nos conectarmos com Ele é posta à prova, exatamente com a ocultação do Criador. É quando a nossa disposição para lutar contra o nosso próprio egoísmo é testada. E onde quer que percebamos os medos, incertezas, desilusões e sofrimentos, é aí onde podemos descobrir a verdadeira felicidade.
"No entanto, ele ainda é um servo, e não um sábio.. Como ele pode se elevar..." para ser igual ao Rei? Ele só provou a sua devoção ao Rei e sua disposição de defendê-lo. Ele provou que pode ser um verdadeiro guardião do Rei, isto é, que o seu egoísmo não é um obstáculo para ele nessa área.
Como costumamos dizer, a pessoa realizou um Tzimtzum em si mesma, adquiriu os Kelim De-Hashpa'a, ou o desejo de dar todo o seu ser ao Criador. No caso do servo, este atributo foi criado na primeira luta com o criminoso.
No entanto, ele ainda não está totalmente capacitado para estar acima dos ministros, ou seja, para agir e governar no lugar deles. Ele só é capaz de se defender do seu próprio egoísmo, defender-se contra os inimigos, mas não para presidir e ser equivalente em suas ações ao Criador. Ele só tem Kelim De-Hashpa'a. Ele está protegido contra o seu próprio egoísmo, está pronto para dar tudo ao Criador, mas ele ainda não está pronto para trabalhar com doação a Ele.
"Como ele pode se elevar acima de todos os ministros e servos do Rei? Então, o Rei pensou em seu coração (O Rei pensou em seu coração!) e disse àquele ministro que se disfarçara de ladrão e assassino, e que declarara uma guerra feroz contra ele. O Rei sabia que na segunda guerra, ele revelaria uma sabedoria maravilhosa, e mereceria estar à frente de todos os ministros".
E quem rege todos os ministros? O próprio Rei. Isto é, na segunda guerra o servo adquiririrá a sabedoria do Criador e a possibilidade de agir da mesma forma que o Criador.
"Portanto, ele nomeou o servo responsável pelo tesouro do reino". Na primeira vez, Ele o colocou para proteger apenas o tesouro dele (do servo). O que significa "tesouro"? É o desejo de receber. Ele teria que enfrentar esses desejos de receber, de tal forma que o seu próprio egoísmo não penetrasse lá. Na segunda vez, o servo se converte no guardião não só do seu tesouro, mas de todos os tesouros do Rei, em geral. Em outras palavras, o Rei outorgou ao servo o governo de todo o reino.
"Agora, o ministro se vestiu como um assassino implacável e veio saquear os tesouros do Rei. O pobre servo lutou intrépida e fielmente, até o limite. Então, o ministro tirou suas roupas (isto é, o assassino cruel tirou o disfarce e se revelou, mostrando que ele era apenas um embaixador enviado pelo Rei) e houve grande alegria e algazarra no palácio do Rei, maior do que anteriormente.
"Os detalhes dos truques do ministro (todo o estratagema que planejou para o pobre guardião) desencadeou uma grande risada, já que agora o ministro teve que ser mais esperto do que antes, porque ficara evidente que ninguém é cruel no domínio do Rei, (que tudo está sob o controle do próprio Rei) e que todos os cruéis são senão brincalhões".
Na primeira vez, o servo já havia aprendido isso, e este conhecimento claro permanecia nele. "Por isso, o ministro utilizou muita astúcia para adquirir roupas do mal".
Portanto, na segunda vez, o pobre servo acreditou que realmente havia um criminoso à sua frente, e não um ministro disfarçado. Ele lutou até a morte e estava disposto a tudo para defender o seu Rei.
"Enquanto isso, no entanto, o servo herdou "sabedoria" pelo conhecimento posterior, e "amor" pelo conhecimento anterior...". Como resultado das batalhas, e por tudo o que havia acontecido em conseqüência e durante as batalhas (o ataque a ele e o seu rechaço), ele alcançou inteligência.
Quando ele chega ao resultado final e descobre que tudo veio do Criador, então, junto com a inteligência adquirida e a compreensão de que tudo era um jogo, surge no servo um grande amor pelo Criador, pois ele entende que o jogo era necessário. Ele percebe o que adquiriu como resultado destas falsas batalhas. " ... e então ele foi elevado à eternidade".
O Baal HaSulam diz: "Aquilo que vocês mais querem ouvir que eu fale é algo sobre o qual eu não posso falar nada. Eu também lhes contei uma parábola sobre isso pessoalmente, pois "o reino da terra é como o reino do firmamento", e a verdadeira direção é dada aos ministros. Entretanto, tudo é feito conforme o desígnio do Rei e sua aprovação".
Quer dizer, por um lado, vemos um mundo gigantesco à nossa frente, no qual existem forças que parecem estar totalmente isoladas do Criador, sem qualquer conexão e opostas a Ele. Por outro lado, elas existem necessariamente por ordem direta e desígnio do Criador.
"O próprio Rei não faz mais do que aprovar o plano que os ministros planejaram". Isto é, baseando-se em qualquer pessoa que necessite maior desenvolvimento, ou baseando-se na Raiz da alma de uma pessoa, os ministros (ou as leis da natureza) prepararam o próximo estado dela; eles determinam a forma dos obstáculos que teremos, e a forma na qual estes nos influenciarão.
"Se ele descobre uma falha no plano, ele não o corrige...", ou seja, cancela uma influência específica numa pessoa "... mas envia outro ministro em seu lugar, e o primeiro renuncia do cargo".
Eu quero que vocês pensem sobre o que isso significa, que em vez de um ministro o Rei nomeia outro, se o plano do ministro anterior não fosse bom e apropriado aos olhos do Rei. De que forma isso pode ser ruim? O Rei pode ver uma falha no plano de alguma força para influenciar uma pessoa? Isso significa que estas forças podem desenvolver seus próprios planos? Elas têm livre-arbítrio? Por que o Baal HaSulam escreve dessa maneira?
Observe o que ele diz:
"O próprio rei não faz mais do que aprovar o plano (ele só confirma o plano) que os ministros planejaram". Os ministros desenvolvem um plano, isto é, as forças da natureza que nos influenciam se reúnem e provocam uma influência numa pessoa.
Mas antes de começar a influenciar a pessoa, o plano, de alguma maneira, passa pela revisão do Criador. E se o Criador percebe que há uma falha nele, que está mal preparado pelas leis da natureza ou os ministros, então, ele anula este plano e nomeia outro ministro, que apresenta um plano diferente a Ele.
"Assim é o homem, um pequeno mundo, comportando-se de acordo com as letras impressas nele, visto que os reis governam as setenta nações (nossos 70 atributos) dentro dele (dentro de nós)".
Ou podemos dizer que existem 620 desejos numa pessoa; às vezes, nós os chamamos 613 desejos. Às vezes, as denominamos os sete desejos principais: Chesed, Guevurah, Tifferet, Netzah, Hod, Yesod e Malchut. Algumas vezes, em vez de 7 desejos, dizemos 70, porque cada um, por sua vez, é composto de 10 sub-partes e 7 vezes 10 dá 70 desejos, incluindo os desejos particulares denominados 70 nações do mundo dentro de uma pessoa.
"Este é o significado do que está escrito no Sefer Yetzirah (Livro da Criação): "Ele coroou uma determinada letra". Cada letra é um ministro para determinado momento, fazendo avaliações, e o Rei do mundo as verbaliza. Quando a letra erra em algum plano, ela imediatamente se demite do cargo, e Ele coroa outra letra em seu lugar.
Este é o significado de "Cada geração e seus juízes". Em hebraico isso soa como: Dor Dor Ve Droshay - cada geração e os seus juízes. "No final da correção a letra chamada "Messias" (Redentor) governará...", isto é, uma força, um ministro, que se chama o libertador "... e atará todas as gerações a uma coroa de glória na mão do Criador".
No entanto, tudo isto ocorrerá apenas sob a influência dos ministros que são nomeados pelo Criador e que chegam até a pessoa e a confundem de todas as maneiras possíveis, a fim de lhe dar a oportunidade de lutar contra si mesma por causa do Criador.
Devemos entender que tudo isso foi criado por Ele, e isso é uma prova de que Ele nos deseja. Isto é, agora nos encontramos no nível descrito nesta parábola como: "Uma parábola sobre um rei que se apegou ao seu servo".
Agora mesmo, você e eu estamos num estado em que o Criador teve apreço por nós. A partir disso, haverá um estado em que Ele nos enviará todos os tipos de obstáculos. Ele enviará os seus ministros contra os quais teremos de lutar, porque eles querem nos separar, nos dividir e nos afastar do Criador.
Se desejarmos ver os ministros do Criador disfarçados em todos os nossos problemas e obstáculos, então, eles serão imediatamente anulados e nos conectaremos imediatamente com o Criador novamente. Se não formos capazes de fazer isso, então cairemos na batalha e no estado de ignorância.
Devemos tentar lutar com todas as nossas forças contra as desgraças, dúvidas, decepções, e a confusão dentro de nós, que nos separam do Criador.
Estas são os criminosos que nos atacam.
 
Fonte: Bnei Baruch
(repasse Marcelo Veneri)

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