A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Devarim - Quando a Palavra e a Coisa São a Mesma Coisa


 
Estamos estudando o livro de Devarim, o último livro da Torá
Os cabalistas explicam que os cinco livros da Torá nos conectam com os seguintes Mundos / Níveis espirituais:
- Livro Bereshit (Gênesis): Keter
- Livro Shemot (Êxodos): Chochmá
- Livro Vaykrá (Levitico): Biná
- Livro Bamidbar (Números): Zeir Anpin
- Livro Devarim (Deutoronômio): Malchut
 
Por exemplo, o Livro Bereshit (Genesis) tem o poder da "semente", que significa a nossa oportunidade de criarmos tudo aquilo que vamos querer que se manifeste daqui em diante. E não é coincidência que as porções do Livro Bereshit caem sempre durante as semanas dos meses de Escorpião e Sagitário, pois esses são os meses muito poderosos para mudarmos nossa vida e a nossa natureza para sempre, no nível de DNA!
 
Algo importante para saber é que, para um estudo do Zohar se tornar mais poderoso precisamos ter a consciência de:
- Ler a porção da Torá da semana;
- Entender que todas as histórias ali contadas na porção (parashá) são na verdade mensagens e segredos que nos ajudam Hoje e Sempre;
- Saber que cada verso do Zohar tem o poder de nos dar aquelas bênçãos que ele está citando e/ou nos dar a proteção e o antidoto contra cada coisa negativa que ele explica;
- Compartilhar a energia do Zohar pensando em mais pessoas.
 
Bem, vamos continuar nosso estudo
Espero que gostem
 
Parashá Devarim – Conexão: Sabedoria nas Palavras - Quando a Palavra e a Coisa São a Mesma Coisa
 
Estamos iniciando a leitura do último livro da Torá, Devarim (Palavras/Coisas).
Este é um momento muito importante para todos os cabalistas, pois este livro é marcado por uma forte energia de julgamento.
A cada semana, ao longo do ano, rodamos o rolo do Sefer Torá, através da mudança de cada porção (parashá) da semana. este ato de girar o Rolo da Torá não é apenas uma forma de evidenciar a porção de nosso estudo semanal, como também movimenta as energias que se encontram disponíveis no tempo e nas mais diversas dimensões.
Nesta semana encontramos disponível a energia para termos "sabedoria nas palavras", condição fundamental para amenizar o julgamento presente no mundo. É injetar Luz em Malchut, que é o "território das palavras", do "significado" e da decodificação.
Certa vez o Baal Shem Tov perguntou aos céus quando viria a Era do Mashiach, eis que obteve a resposta: "quando todo o Seu saber (palavra) estiver espalhada pelo mundo (Malchut)".
Os antigos mestres de nossa tradição ensinam que o Shabat anterior a Tishá b'Av (9 de Av), é oferecido a cada cabalista ao redor do mundo uma visão do Mashiach. Este Shabat é chamado de Shabat Chazon, o Shabat da Visão.
É muito importante mencionar que para os antigos, há uma profunda relação entre o dia 9 de Av e a Era do Mashiach... os sábios afirmavam que este dia é repleto de uma Luz tão grande, que desde o início dos tempos vem se tornando um alvo das mais cruéis perseguições sobre os membros de nossa tradição.
Alguns cabalistas afirmam que a Era do Mashiach terá início em um dia 9 de Av, sendo assim, o Shabat que o antecede é de enorme importância, além de indicar que a Era do Mashiach, depende essencialmente de uma mudança de "visão".
Um outro fator de grande importância é que estamos entrando no último livro da Torá, as porções que se seguem estão repletas de códigos relacionados a ideia de conclusão de uma "caminhada", o final de um êxodo, o início da redenção.
 
2:3 "Basta para vós de encontrar essa montanha. Voltai-vos para o norte".
 
A porção que é lida neste Shabat, que antecede ao dia 9 de Av, é sempre a porção de Devarim, onde Moshe detalha as vitoriosas batalhas contra Sichon, o rei Emori entre outros.
Como resultado destas batalhas foi conquistado o monte Chermon, ao norte de Israel.
O monte Chermon é a mais alta montanha de Israel.
Mas qual é a conexão entre este monte e a Era do Mashiach?
Encontramos a resposta no Salmo 133:3:
 
"É como o orvalho do Chermon que vem cair sobre as montanhas de Sion".
(Tehilim 133:3)
 
O orvalho é a essência do fluxo (shefá).
A imagem do "orvalho de Chermon" fluindo corrente abaixo sobre as montanhas nos brinda com a visão do shefá que passará a fluir plenamente do Mundo Infinito para o Mundo Físico, com o advento da Era do Mashiach.
O Mashiach que temos acesso no Shabat Chazon (Shabat da Visão).
É o Mashiach dos cabalistas, não um ser mas sim uma ideia, uma forma de pensamento, uma consciência de unicidade.
Este orvalho que vem de Chermon é uma consciência, um novo pensamento, uma nova ordem mundial.
Para compreender a origem deste shefá (fluxo de orvalho) precisamos explorar melhor a raiz do nome Chermon.
A raiz da palavra Chermon, em hebraico, é Chet-Reish-Mem, (Cherem), que significa "auto anulação".
As duas letras restantes que completam a palavra são: Vav e Nun, "on".
"On" é uma terminação utilizada em hebraico para reduzir quantitativamente o significado de uma palavra.
Isso nos leva a definir que a maior montanha de Israel, significa "uma pequena auto anulação".
Este pensamento conecta imediatamente esta montanha com Moshe, (que foi o maior exemplo de auto anulação da Torá).
A raiz hebraica de Cherem é uma permutação da grafia do número 248, representando os 248 membros do corpo que correspondem aos 248 preceitos positivos da Torá.
E também o desejo de compartilhar, necessário para superar a energia de julgamento destes tempos.
Este é também o valor numérico de Avraham a quem também teve a auto anulação como marca essencial de seu trabalho.
Além disso, 248 é igualmente a guematria de "betzelem Elohim", a "imagem de Elohim".
Rav Abuláfia defendia a ideia de que cada um de nós deve despertar a centelha de Mashiach que há dentro de nós, despertando, resgatando e recuperando esta centelha a muito perdida.
As "batalhas" para a conquista do monte, descritas na porção da Torá, são as batalhas para se dominar a ação Nachash.
Aqui reside o grande mistério sobre o confronto final.
Nachash possui o mesmo valor numérico de Mashiach.
Isso implica que somente no momento em que despertarmos esse Mashiach interno é que podemos superar, de uma vez por todas, as artimanhas ardilosas de Nachash.
Nachash possui o poder de deturpar nossas palavras, nosso sentido de interpretação, por saber que as palavras e as coisas, são a mesma coisa.. por saber que ao mudar o sentido das coisas pode-se mudar o mundo, tanto Mashiach terá esse poder, quanto Nachash o tem desde o início dos tempos.
Mas porque é tão difícil vencer Nachash?
Isso acontecia pois era muito sutil os efeitos de seus laços na história, muitas vezes demorávamos anos e até mesmo séculos. para perceber que por trás de uma ideia lançada, uma forma de interpretar e ver o mundo e ver o mundo que se consolidava.
Hoje em dia há um privilégio, nunca foi tão fácil identificar as ações de "Nachash".
Em geral prefere-se que D-us seja uma coisa de finita, que seja bom e que esteja disponível para as nossas necessidades quando assim o desejarmos.
Se não preciso de D-us, é por que estou ocupado demais e/ou tudo vai bem.
O mal, por sua vez, é conhecido como sendo Nachash, em geral associado as origem de todos os males.
Os sábios de nossa tradição nos ensinam, a milhares de anos, que esse primitivismo precisa ser superado.
Da mesma forma, é preciso superar a ideia de que eu sou o centro do universo. Essa ideia me permite chamar de "mal" tudo aquilo que não me convém, e "bom" ao que atua em favor de meus interesses.
Não, nos ensinam o cabalistas, o mal não está fora. tudo está dentro, e sai de dentro.
Fora só há acontecimentos.
É o "de dentro" que decide qual valor devemos conceder aos acontecimentos.
O que muitos não sabem é que Nachash também pode se travestir de "bem".
Não o bem total, mas sim o bem para um único indivíduo ou grupo, em detrimento de outro indivíduo ou grupo.
Que espécie de "bem" é esse, que requer o mal de outros?
Convém desistir dessas posturas.
Para promover a vinda da Era do Mashiach, temos que quebrar o círculo vicioso.
É preciso revisar o interior.
Se existe D-us, é preciso que eu tenha vivido.
Devo acender D-us, iluminar-me com D-us.
Nachash é a inveja.
Adam e Chavá destruíram o Gan Eden por causa da inveja.
Nachash tinha logrado seu objetivo: que cada um quisesse ser D-us às custas do outro.
Que se ligassem pelo medo, mais que pelo amor.
O Medo da solidão.
A resultante imediata da queda foi o nascimento de Cain, nome que vem da raiz "k'ná" (comprar adquirir).
Desde que nachash educou a humanidade, passou-se a ver tudo como "coisa" (davar).
D-us continua existindo, mas como coisa, coisa que é deste grupo, ou daquele grupo, sempre partidário em benefício próprio.
Criou-se a loucura de se acreditar que somos sócios contratuais de D-us.
Coisas e contratos, isso é tudo o que há.
É um grande negócio, com certeza.
Cain é o nascimento do Olam Tohu, o mundo da "coisa", num mundo de proprietários e de objetos. E coisa é um "negócio".
Essa é a religião da queda.
Negócio, lucro, legitimidade contratual, documentação.
E isso resulta na inveja é claro, pois há um outro, pois o "outro" é concorrência.
O outro é o meu "inferno".
Cain nasce e se educa nesse ambiente de valores e bens.
Onde os valores são os bens.
Um mundo onde as utopias não valem nada, só há topias, topos, topografias.
A Terra Prometida não é mais importante, o que vale é a terra, a promessa, bem... A promesa foi esquecida, é apenas palavra e palavras não são "coisas" na linguagem da "queda".
A civilização é de Cain.
Ele constrói também a inveja do que tem menos pelo que tem mais, já que Cain significa "ter".
Civilização é progresso, progresso da competição, da inveja, do ódio, do poder. Alguns morrem no meio do caminho. Às vezes centenas, milhões.
Mas Cain é quem mata.
Em nome da civilização.
Em nome da ordem estabelecida..
É o primeiro grande inquisidor.
Não tolera o diferente.
Mas a civilização avança, no entanto, graças à rebelião dos diferentes.
Este é o outro mistério do Mashiach anunciado como sendo da linguagem de David, pois David é neto de uma moabita (Rut), não vem de origem matrilinear de mulheres hebraicas.
É diferente
Talvez fosse até discriminado nos dias de hoje, pois os diferentes não são tolerados, precisam ser humilhados.
Massavrados
Podemos juntá-los em milhares e chamá-los de judeus, podemos reunir milhares e chamá-los de marranos, palestinos, libaneses, armênios curdos, cambodjanjos, etc.
 
Já Hevel (Abel), essa figura que traz sacrifícios a D-us quando tem vontade, é o perigo público.
Cain condena-o a morte por perturbar a ordem pública.
Assim também o foi, Akiva, Maimônides, Abuláfia, entre outros.
E nós, qual é o nosso papel dentro da nova ordem?
Temos que desafiar a natureza do ego e conquistar a nossa "pequena auto anulação".
Fazendo o movimento inverso ao transformar as "coisas" em palavras, dando-lhes o significado real e espiritual que merecem ter, nos preparamos para a grande guerra que antevê o surgimento da Era do Mashiach dentro de nós e na humanidade.
Enfraquecemos desta forma o Ruach e o "coração" das forças negativas e nos preparamos para o final de nosso exílio de alma, ainda em nossos dias.
 
2:24 "Levantai-vos parti e passai a torrente do Arnos. Vê! Eu dei em tua mão Sichon, rei de Cheshbon, o Emori e sua terra. Começa a herdar! Desafia-o à guerra!".
2:30 "Mas Sichon, rei de Cheshbon, não consente em nos deixar passar: sim, Yhavehá, teu Elohim, endurece Seu ruach, enrijece seu coração, a fim de dá-lo em tua mão, como hoje.".
 
Fonte: Academia de Cabala

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