A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Parashá Devarim

Parashá Devarim
 
“Yihav’há me diz: Vê! Comecei a dar em faces de ti Sichôn e sua terra. Começa a herdar, para herdar sua terra.”
(D’variym 2:31)
 
Como já dito nesta semana iniciamos o livro de Devarim, cuja conexão inicial representa a “sabedoria nas palavras”, elemento de essencial importância na vida do cabalista.
Também temos um Shabat diferente, o chamado Shabat Chazon (Shabat da Visão), onde, segundo os sábios da Cabalá, alguns cabalistas têm acesso à visão profética e com isso desenvolvem a centelha de Mashiach que existe potencialmente, dentro de cada um de nós.
Sabemos, segundo a Cabalá Contemplativa, que o Mashiach não é uma pessoa, e sim um nível de alma que se liga ao coletivo (Yechiydah).
Este nível de alma transforma cada um de nós em guerreiros, capazes de enfrentar os obstáculos inerentes ao autoconhecimento.
Esse autoconhecimento é representado em toda a narrativa da Torah, na forma da errância dos hebreus pelo deserto e suas “guerras”, que são reflexões sobre “guerras interiores” (uma transformação de alma).
Essa errância é o tempo necessário para que a alma busque uma adaptação ao caminho.
Todo o texto da Torah insiste sobre a duração anormal da errância dos hebreus. Sua temporada no deserto não era um acontecimento histórico normal, ditado pelas circunstâncias, mas uma espécie de propedêutica (curso introdutório), de aprendizagem da vida, da liberdade e da independência, sob o “olhar” da Luz Infinita, na rude escola de um isolamento prolongado no silencio do deserto.
Nesta porção da Torah são narradas as vitórias dos Bnê Yisrael e as sucessivas “batalhas” pelas quais teve que passar entes de entrar na Terra Prometida – alusão a necessidade de nos purificarmos de nossas próprias falhas antes de recebermos os fluxos da Yechiydah (Nível de Alma de Mashiach).
No entanto, para chegarmos a esse nível da alma devemos identificar as fontes de vivificação das clipot (forças de impureza) causada pelas quedas espirituais do ser humano ao longo de sua vida.
Precisamos remover as cascas para ter o direito ao acesso a Terra Prometida.
E o verdadeiro achdut (união) entre os mundos superiores e inferiores ocorre somente com a totalidade da alma vital tornando-se uma Merkavah (veículo) santificado para a Consciência Superior, somente então a vitalidade geral deste mundo, que constitui agora a Clipah Nogah, emergirá de sua impureza e, e ascenderá à santidade para ser uma residência para a Luz Infinita.
Esta elevação espiritual somente ocorre com a ascensão da energia vital do corpo e alma de cada pessoa que passa da Clipah Nogah, conforme explicado na Cabalá, para a Quedushat (santidade) através da Torah (Sabedoria Espiritual), mitzvot, orações, atos de bondade e diversas ferramentas contemplativas e de refinamento do caráter.
As “guerras” (os embates da alma) fazem o indivíduo desenvolver uma humildade característica da vida espiritual verdadeira..
Por isso mesmo a Terra Prometida só pode ser obtida por intermédio da guerra. Pois a “guerra” permite a quebra do comportamento iníquo, indolente, e ignorante. Para isso, o cabalista deve se afastar de tudo o que é condicional, relativo e mutável.
Uma vez que somente na eternidade é que a Luz Infinita é revelada. Pois, diante de tal “guerra”, o inimigo é sempre a subjetividade e a valorização das próprias impressões sobre os fatos, em detrimento da verdade objetiva.
É quando a sua personalidade torna-se maior que o objetivo a ser alcançado.
É quando os seus princípios particulares são colocados acima dos Princípios Superiores.
Pois, esses “inimigos” (que se nutrem do ego), se ocultam em tudo o que é subjetivo. Até mesmo a espiritualidade, se for construída por elementos da subjetividade, poderá despertar este lado negativo.
Aprendemos, segundo a Cabalá Contemplativa, que o mal não se conecta com a eternidade, pois, em suas imperfeições, existe uma negação verdadeira daquilo que é eterno, portanto, o mal sofre de uma insuficiência existencial e é por natureza passageiro.
Em outras palavras, o mal sofre de uma ausência intrínseca de vitalidade, salvo um pequeno resquício. Pois tudo que o mal pode gerar, até mesmo um suposto prazer e bem estar, é passageiro e frívolo.
O mal – mesmo lhe concedendo prazer, bem estar, e algum nível, mesmo que superficial, de conhecimento – é apenas temporário e frágil.
O bem, por sua vez reside no prazer para sempre, no bem estar permanente, constante e por natureza, eterno.
Mas para abrir mão dos prazeres passageiros é necessário iniciar uma “guerra” contra o ego e suas articulações maliciosas. O resultado final, caso o cabalista saia vitorioso, vem a ser a aquisição de uma das mais essenciais virtudes do caminho – a auto anulação.
Os sábios da Cabalá Contemplativa nos ensinam que no Shabat anterior a 09 de Av, nos é oferecida uma “visão” do Terceiro Templo – que será construído pelo Mashiach (Yechiydah).
Este é o chamado Shabat Chazon (“Shabat da Visão”).
Na porção da Torah que lemos neste Shabat, Mosheh detalha as vitoriosas batalhas contra Sichon, o rei Emori e contra Og (que é descrito no Midrash como um demônio) o rei de Bashan.
Como resultado destas batalhas foi conquistado o monte Chermon, ao norte de Yisrael.
 
“Nós nos voltamos e subimos pela estrada de Bashân. Og, rei de Bashân, sai ao nosso encontro, ele e todo o seu povo, para a guerra, em Édrei. Yihav’há me diz: Não estremeças diante dele; sim, Eu o dei a ti com todo o seu povo e sua terra. Faze-lhe como fizeste a Sichôn, rei do Emori, que habita em Cheshbôn.”
(D’variym 3:1-2)
 
A conquista do monte Chermon é considerada crucial para o advento do Mashiach. Mas qual é o mistério por trás desse código?
Este é o monte mais alto da região – uma alusão ao nível de Yechiydah na Árvore da Vida.
Depois de mencionar ente monte como parte da fronteira de Yisrael, a Torah descreve os outros nomes que outros povos dão a este monte:
 
“Os Sidonim clamam o Chermôn: Sirion, o Emori o clama: Senir.”
(D’variym 3:9)
 
Os cabalistas agregam ainda um outro nome a ele: Sion, que significa “uma marca”, “um sinal”, o “ponto culminante”.
Os sábios explicam que Senir significa “neve”, uma alusão à cor branca que simbolicamente está ligada ao atributo da misericórdia e pureza espiritual.
Este monte está coberto de neve todo o inverno, mais quando começa a derreter se transforma em um vigoroso fluxo de água que alimenta o mar da Galiléia e o rio Yarden.
Sendo assim, este monte serve como nutrição da água (Saberia Espiritual) para todos.
Vamos recordar que a raiz da palavra Chermon, em hebraico é cherem (chet-resh-mem), que significa anulação ou auto anulação.
As duas outras letras restantes que completam a palavra “chermon” são as letras vav e nun, “on”, que é uma terminação utilizada em hebraico para reduzir quantitativamente uma palavra.
O mistério consiste no fato de que a maior montanha da região ser chamada de “uma pequena auto anulação”.
A palavra cherem possui o valor da guematriah 248, que correspondem aos 248 preceitos positivos da Torah, que por sua vez estão relacionados à ideia de se fazer o que deve ser feito.
Este é também o valor da guematriah de Avraham a quem a sua auto anulação permitiu integrar o conhecimento da Luz Infinita ao seu próprio ser.
Este número é também o valor da guematriah da expressão “betzelem Elohiym” (a imagem de Elohiym).
Aprendemos que o cabalista deve ser um manancial, semelhante ao Criador, deve ser semelhante a Avraham, e essencialmente dotado de auto anulação.
 
Fonte: Academia de Cabala

Nenhum comentário:

Postar um comentário