A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Parashá Ekev ("Calcanhar")



E será, pois, que se, ouvindo estes juízos, os guardares e os cumprires, guardará o Eterno, teu Deus, para ti, a aliança e a bondade que jurou a teus pais. E Ele te amará, te abençoará e te multiplicará; e abençoará o fruto de teu ventre e o fruto de tua terra - teu grão, teu mosto e teu azeite -, a cria de tuas vacas e os rebanhos das tuas ovelhas, sobre a terra que jurou a teus pais que te daria
(Devarim 17:12-12-13).
 
Na semana regida por Ekev, os Bnei Israel continuam às margens do Jordão recebendo as orientações de Moshé.
Grande parte do texto ressalta as recompensas reservadas para aqueles que se dedicarem no cumprimento de todas as mitsvót ("conexões").
A Torá apresenta 613 mitsvót: 248 destas mitsvót são consideradas positivas e se referem a atitudes que nos aproximam do Eterno; as outras 365 são consideradas negativas e se referem a atitudes que devemos evitar para que não nos distanciemos Dele.
 
Ekev significa "pois que" ("E será, pois, que ouvindo estes juízos..."), mas, com as mesmas letras, também obtemos akêv ("calcanhar"), e isso terá uma grande importância na interpretação deste texto.
 
A palavra Ekev é formada por três letras: Ayin, Kuf e Beit.
As letras Ayin (70) e Beit (2) formam o número 72 e se referem ao Eterno em Seus 72 Nomes Sagrados - os mesmos utilizados por Moshé na abertura do Mar Vermelho.
Kuf, no centro, é a letra do alfabeto que mais desce, e, entre seus atributos, destacamos dois: a capacidade de ir além das aparências (além das clipót ou "cascas") e de levar Luz para as dimensões inferiores, elevando a natureza de tudo o que ali se encontra.
Combinando estas informações, temos que, através dos ensinamentos de Ekev, não só levamos Luz para os pontos mais sombrios do nosso ser como empreendemos, dentro de nós mesmos, uma busca por esta mesma Luz.
Por que isso é importante?
 
Na qualidade de Israel, somos todos portadores da Luz Espiritual, de modo que não devemos procurá-La (no sentido de depender Dela) no rabino, nos mestres da tradição, no Sefer Torá ou em qualquer outra pessoa ou objeto sagrado, o que seria um erro.
Esta Luz se revela quando reconhecemos o Eterno como o nosso único D-us ("Shemá Israel, Adonai Elohêinu, Adonai Echad") e quando desenvolvemos equilibradamente o Amor e o Temor a Ele, atributos associados à sefira Chessed e Guevurá, respectivamente.
E por que calcanhar?
Quando colocamos a Árvore da Vida sobre o corpo humano, os pés ficam alinhados à Malchut, o ponto mais vulnerável aos ataques da contra inteligência.
O calcanhar é citado pela primeira vez, ainda em Bereshit, no momento em que o Eterno amaldiçoa Nachash, a serpente:
"Porquanto fizeste isto, maldita és tu, mais do que todo quadrúpede e mais do que todo animal do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E a inimizade porei entre ti e a mulher, e entre a tua semente e entre a sua semente; ela te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar"
(Bereshit 3:14-15).
 
Sabemos que a mulher representa tanto o pilar da esquerda da Árvore da Vida (o desejo de receber) como Malchut, o Mundo Físico.
Devemos entender os códigos por trás do texto ou estaremos fazendo um julgamento equivocado: não se trata da mulher como gênero, mas como princípio energético.
Quando influenciada pela contra inteligência (Nachash), este desejo de receber pode atingir o seu ponto extremo, que é o desejo de receber só para si (egoísmo) - uma atitude condenável em qualquer circunstância.
Com relação a Malchut, quando numa situação de desvio, podemos nos fixar apenas no que é capaz de satisfazer os nossos sentidos, alimentando os nossos aspectos instintivos ao invés dos aspectos mais elevados da alma.
Lembremos que Malchut corresponde a Assiá, o Mundo da Ação, logo, está em pauta o que fazemos e como isso reverbera em todas as direções, pois quando agimos de acordo com as orientações da Torá, a Luz do Eterno não se manifesta apenas em nossas vidas, mas na vida de todos os seres humanos.
No sentido contrário, quando somos iníquos, não prejudicamos apenas a nós mesmos, como alguns imaginam ("o problema é meu!"), mas toda a humanidade ("o problema é nosso!"), daí a importância de contarmos com um número cada vez maior de pessoas conscientes de sua responsabilidade para com o mundo, pois estamos vivendo os momentos que antecedem o início da Era do Mashiach e cabe a cada um de nós acelerar este processo através do Tikun Olam ("correção dos mundos").
 
Fonte: Academia de cabala

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