A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Parashá Shofetim


Um trecho da parashá de Shofetim se inicia com um chamado:
“ vens para a terra que Yihavehá teu Elohim de dá...”.
Este é um chamado de teshuvá, ou seja, de retorno ao Sagrado.
Esta seria a correção da ruptura original, quando o ser humano rompe a ligação direta que tinha com o Sagrado.
Seria o reencaminhar o homem ao Jardim do Éden, ao estado de espírito absolutamente integrado à natureza, ao Divino.
A parashá diz que esta terra o homem “herdará, habitará e dirá”.
Uma herança não é uma construção, mas é algo que foi de alguém antes de você. A herança aqui é a trajetória espiritual vivenciada na intenção de refazer a integração do homem com o Sagrado..
Somente podemos receber a herança de uma trajetória espiritual, de alguém que já teve essa trajetória.
Esta é a relação do discipulado, daquele que se submete a receber a herança de um mestre que já experienciou o caminho.
O que se recebe é a propriedade adquirida, a sabedoria deste caminho.
Já o “habitar” é uma referência a necessidade do indivíduo habitar sua Tradição Espiritual, habitar na sabedoria dela.
Para me considerar um cabalista tenho que pensar como um cabalista.
E, então, somente depois disso, eu “direi”.
Só assim estarei pronto para passar adiante minha Tradição.
Segundo a Torá, isto tudo não é obra para qualquer um, é obra para um “rei”.
O rei não é uma figura política, é aquele que tem uma coroa e que se coloca totalmente obediente a ela.
A coroa é uma representação da própria Tradição.
Os reis mudam, mas a coroa permanece.
Ela é que é o poder.
Para ser um rei da música, por exemplo, tenho que ser absolutamente obediente às leis e regras elementares da música e assim adquirir maestria.
Só então terei propriedade para desconstruir (com beleza) a música e até modificá-la, se eu quiser.
A Tradição é sempre maior que nós
 
No fim da Parashá, a Torah descreve leis de batalha.
Se um cerco é feito a uma cidade, a Torah nos proíbe de cortar suas árvores frutíferas.
Assim consta (Devarim 20:19): “o homem é [comparado] à árvore do campo”.
Em Bereshit (1:26), aprendemos que D-us criou o homem à Sua imagem.
O valor numérico da palavra hebraica Êts (“árvore”) é idêntico ao valor
numérico de imagem (tselem).
A árvore do campo é a imagem do homem criado à imagem de D-us.
O valor numérico da expressão “Êts hasadeh (árvore do campo)” é igual ao da sefira “Dáat (conhecimento)”.
É o conhecimento ou consciência, um estado abrangente da alma que une inteligência e emoção.
O poder de Dáat cria uma unidade dentro da mente, mas seu objetivo é o de unir todas as faculdades mentais e emocionais da alma.
Na cabala, aprendemos que todo sistema fisiológico corresponde a uma Sefira espiritual.
Dáat corresponde ao sistema nervoso.
Mais do que qualquer outro sistema do corpo, é o sistema nervoso que transmite os impulsos do conhecimento através do corpo, como pode ser visto em uma árvore. O tronco é a coluna espinhal e os ramos são os nervos.
Também aprendemos que existe uma forte interdependência entre a função correta
do sistema nervoso e o uso apropriado de nossas energias criativas.
A árvore do campo é a chave para todos os atributos emotivos.
Devemos ver o homem como uma árvore, cujo sistema nervoso direciona suas energias criativas para se manifestarem com serenidade.
Nossos Sábios ensinam que existe um versículo que exprime sucintamente como nosso serviço a D-us deve ser aperfeiçoado.
Em Mishlei (Provérbios)(3:6), consta:
“Em todos os teus caminhos, conhece-O e Ele ajeitará teus caminhos”.
O versículo diz para conhecermos D-us em todos os nossos caminhos.
Os caminhos de D-us são os caminhos dos Seus mandamentos.
Seus caminhos são todos os mínimos detalhes que tecem o tecido de nossas vidas. Seja trabalhando, comendo ou mesmo dormindo, devemos conhecer D-us e estar conscientes de Sua presença em nossas vidas e em todas as nossas ações.
Se assim fizermos, D-us promete que Ele endireitará nossos caminhos.
Quando nos conectamos à imagem do homem como uma árvore, podemos dirigir todas as nossas energias a um objetivo: conhecer D-us em todos os nossos caminhos e espalhar Sua consciência através do mundo.
 
Fonte: Academia de Cabala
 

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