A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


domingo, 3 de julho de 2011

Bilhete de loteria


O seguinte episódio aconteceu em 1937, em uma das visitas do Rabino Wasserman à Inglaterra, quando passou algum tempo na yeshivá de Machester.
O administrador da yeshivá (xasa de estudo), Rabino Shaul Rosenberg, era um bem-sucedido homem de negócios, que não somente angariava fundos para a yeshivá, como também tomava conta dos detalhes do dia a dia.
Quando o Rabino Elchanan estavana cidade, o Rabino Shaul dedicava uma semana inteira levando-o até as pessoas que apoiariam financeiramente a yeshivá de Baranovich.
Pouco antes da chegada do Rabino Elchanan a Manchester, o Rabino Shaul Rosenberg sofreu alguns reveses financeiros.
Os negócios não iam bem e suas perdas foram substanciais.
Esperando poder se recuperar do prejuízos materiais, o Rabino Shaul comprou
um bilhete de loteria que anunciava um prêmio de 50.000 libras esterlinas.
No último dia da estadia do Rabino Elchanan em Manchester, o Rabino Shaul foi visitá-lo.
Antes de ir, contou ao hospedeiro do Rabino Elchanan, um talmid chacham (sabio) da cidade que iria pedir uma benção ao Rabino Wasserman para que ganhasse na
loteria.
O anfitrião contou, então, ao Rabino Elchanan, com que aplicação o Rabino Shaul se dedicava aos trabalhos da yeshivá de Manchester.
Comentou também sobre os últimos problemas materiais do Rabino Shaul e sobre o bilhete de loteria que comprara na esperança de se recuperar financeiramente.
O anfitrião concluiu mencionando ao sábio que a caisa da Torá sairia ganhando caso o Rabino Shaul fosse premiado com as 50.000 libras.
Quando o Rabino Shaul chegou, o Rabino Elchanan o cumprimentou calorosamente e, depois de uma breve conversa, disse:
“Rabino Shaul, dê-me suas mãos.”
Prontamente o Rabino Shaul estendeu suas mãos esboçando um sorriso no rosto.
O Rabino Elchanan pegou as mão dos Rabino Shaul e, segurando-as firmemente, falou: “Pelo mérito de tudo o que você fez pela Torá e pela comunidade, possa D’us abençoá-lo com guezunt (boa saúde).”
Ao ouvir aquelas palavras, o Rabino Shaul _ficou paralisado.
Certamente era uma boa benção, mas não era o que ele esperava naquele
momento.
“Talvez”, pensou, “o rosh yeshivá não entendeu bem minha situação atual.”
Após alguns instantes, Rabino Shaul recomeçou a conversa descrevendo ao sábio os seus recentes problemas financeiros e o motivo pelo qual havia comprado um bilhete de loteria.
Rabino Elchanan ouviu-o com atenção e, depois, disse novamente:
“Dê-me sua mão”. Ele segurou a mão do Rabino Shaul entre suas duas mãos e o abençoou:
“Pelo grande mérito da Torá e de tudo o que você tem feito pela yeshivá aqui em Manchester, possa D’us lhe conceder gueznut (saúde).”
Depois disso, o Rabino Shaul não falou mais nada.
Rabino Elchanan com certeza tinha ouvido e entendido o seu pedido e, portanto,
não havia por que repeti-lo novamente.
Por alguma razão, aquilo era, definitivamente, o que o Rabino Elchanan tinha para dizer-lhe.
No dia seguinte, o Rabino Elchanan, partiu de Manchester.
Três dias depois, ao andar pela rua, Rabino Shaul Rosenberg sofreu um grave derrame e caiu paralisado na calçada.
Foi levado às pressas a um hospital, onde entrou em coma, não reconhecendo mais nada nem ninguém.
Os familiares do rabino se reuniram apreensivos no hospital, onde os médicos lhes disseram que, infelizmente, era apenas uma questão de tempo para que seu fim
chegasse.
Profundamente entristecidos pela notícia, a família aguardava e rezava.
Três semanas depois, quando o médico e a família estavam ao redor de sua cama, Rabino Shaul, repentinamente, saiu do coma e abriu os olhos.
O médico, pasmo com o que estava ocorrendo bem diante de seus olhos, bateu palmas e exclamou com surpresa: “Eu não acredito! Somente uma pessoa em dez mil consegue escapar deste tipo de coma!”
 
Em pouco tempo o Rabino Shaul se recuperou completamente e pôde voltar ao seu escritório na yeshivá de Manchester.
Com o passar dos anos, Rabino Shaul acabou se dando conta de que, afinal, tinha ganhado na loteria.
Ele havia tirado aquele único bilhete, entre dez mil, de sobreviver.
Este fora o significado da berachá (bênção) do Rabino Elchanan!
 
Fonte: História retirada da Revista Nascente, (de Junho/ Julho de 1997)
Tradução da história “The Lottery of a Lifetime” no livro “_e Maggid Speaks” do Rabino Pessach J. Krohn.

Nenhum comentário:

Postar um comentário