A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


segunda-feira, 25 de julho de 2011

Movimento Para Frente


Sinais de Vida
Vida e atividade são quase sinônimos, pois movimento é um dos sinais fundamentais de vida.
A matéria simples e inerte é limitada ao seu lugar específico ou ao seu particular curso, enquanto uma entidade com uma alma tem a capacidade de mover-se de um lugar para outro de sua escolha.
Além disso, na esfera humana, a tendência em relação ao movimento físico, mental e espiritual expressa a si mesma em uma direção “ascendente”.
Uma pessoa procura por crescimento e avanço.
Isto é certamente verdadeiro em relação ao nosso serviço Divino.
Pois, implícito na consciência do espiritual, está o reconhecimento de um impulso em direção à auto-transcendência, uma disposição de ir além de si mesmo e ganhar satisfação pelo desenvolvimento de uma conexão à sua fonte ilimitada e Divina.
 
Jornadas Pessoais
Estes conceitos estão refletidos na leitura da Torá, a Parashá Massei.
Massei significa “jornadas” e a leitura enumera os 42 diferentes estágios na jornada na vida de todo indivíduo à medida que ele procede desde o nascimento, seu “êxodo do Egito” pessoal, até sua entrada na “terra da Vida”, o equivalente espiritual de Eretz Yisrael.
Toda esta jornada através do deserto (e através da vida) é destinada a refletir um crescimento espiritual contínuo..
Mesmo aqueles estágios que estão associados com os eventos negativos têm um ímpeto positivo em sua origem.
Além disso, mesmo quando uma pessoa não percebe de início o potencial positivo em um determinado estágio de sua vida, e vacila em face a um desafio espiritual, ela deve saber que sua “jornada” não terminou.
Esta é somente uma fase, e uma descida temporária pode finalmente levar a uma subida se for corrigida através do serviço da teshuvah (retornoa D´us)
 
Um Acampamento ou uma Jornada?
Os conceitos acima levantam uma questão em relação às palavras escolhidas pela Torá.
Como mencionado, a palavra massei significa “jornadas” e, ainda assim, na leitura da Torá, o significado do termo é “acampamentos”.
Aparentemente, o fato de que todo acampamento é nomeado parece colocar uma ênfase em cada um destes pontos de parada como uma entidade por si só.
É possível explicar que a intenção é enfatizar que todos estes acampamentos eram meramente estágios na jornada para Eretz Yisrael. Nossos olhares devem sempre estar sobre o objetivo final; de nenhum jeito um local de descanso temporário deve ser considerado como nada além do que isto.
 
A Torá relaciona estes 42 locais com a intenção de enfatizar os eventos que ocorreram em cada um deles: para aprender deles e relembrar o ensinamento do Baal Shem Tov de aplicarmos estas lições dentro de nossos próprios esforços espirituais.
 
Já que cada passo da jornada representa uma fase de santidade, ele possui uma importância própria.
De fato, nossos Sábios afirmam que, porque os acampamentos foram feitos “de acordo com a palavra de D’us”, cada um deles foi favorecido com uma dimensão de permanência.
Por que, então, a Torá se refere a eles de uma forma que sublinha sua natureza temporária?
 
O Objetivo de Nosso Serviço Divino
É possível explicar que a Torá usa o termo maassaot, “jornadas”, porque esta é a expressão fundamental do potencial do homem.
Como mencionado acima, nosso potencial espiritual é expressado na transcendência de nossas circunstâncias imediatas.
Neste sentido, o pensamento chassídico interpreta o versículo como significando “Eu concederei a ti [o potencial de] progredir entre aqueles que ficam parados”.
“Aqueles que ficam parados” se refere aos anjos ou almas não-corpóreas que existem nos mundos espirituais.
Elas são descritas como “paradas” porque seus serviços espirituais permanecem sempre no mesmo nível.
Um mortal, ao contrário, tem o potencial de crescimento ilimitado e pode “progredir” muito além de seu nível atual.
Mais particularmente, os anjos e as almas nos mundos espirituais ascendem a níveis ainda maiores todos os dias.
Mesmo assim, já que estes avanços são apenas relativos ao nível anterior, eles ainda são descritos como “parados”.
Neste mundo material, ao contrário, o potencial para o progresso é libertado e avanços radicais podem ser feitos.
Isto reflete a natureza única de nosso mundo material.
Em um nível revelado, a luz Divina manifestada aqui é menor do que nos mundos espirituais.
Ainda assim, um potencial espiritual ilimitado muito maior que o revelado nos mundos espirituais é investido neste mundo, tornando possível o progresso ilimitado.
Para destacar este potencial e estabelecer sua expressão como um dos objetivos do serviço Divino, a Torá chama estes acampamentos de maassaot.
 
Preparando-se Para Mudar
Todo avanço tem duas fases: uma partida do estado anterior e uma chegada ao estado futuro.
Massei aponta primariamente para a partida. Nós vemos isto na expressão hesia (que compartilha a mesma raiz de massei) es dato, que significa “ele desviou sua atenção”.
Qual é a intenção desta ênfase?
Quando uma pessoa pode ver seu destino, seu grau de progresso é definido.
Massei, ao contrário, sublinha a partida em direção a horizontes inexplorados, como os hebreus no deserto que seguiram a coluna de nuvens.
Um avanço radical pode ser conseguido somente quando nós assumimos um compromisso irrestrito de mudarmos.
Focalizar neste objetivo final torna todas as nossas realizações secundárias em importância, pois, não importando o quão grandes são, elas são minimizadas pela consciência do objetivo máximo.
 
O Individual e o Todo
O macrocosmo, a jornada da humanidade como um todo, é refletido dentro da jornada pessoal de todo indivíduo. Cada um deve perceber que tem sua própria missão, e num ritmo no qual isto será conseguido. Para uns, a jornada envolve progredir além dos já refinados estados de consciência espiritual, enquanto que, para outros, ela envolve privar‑se de envolvimentos materiais grosseiros e seguir na trilha para atingir o propósito espiritual.
 
Há, entretanto, um denominador comum a todas estas jornadas pessoais.
Todas elas envolvem uma “partida do Egito”(Mitzrayim, a palavra hebraica para Egito, está associada à palavra meitzar, que significa “limites” e “restrições”. Todos os dias nós devemos reviver o êxodo do Egito e transcender de novo nossos limites e restrições pessoais), pois mesmo o mais desenvolvido estado é limitado quando comparado ao objetivo máximo. E nenhuma destas jornadas tem um objetivo auto-contido:  todas elas são meramente fases em nosso progresso em direção àquele objetivo.
 
Com nossa jornada, nós podemos deixar nosso Egito pessoal e unirmo-nos ao progresso da humanidade em direção à Redenção. E esta primeira jornada determina outra, iniciando uma seqüência que continuará até que o objetivo final seja alcançado e todos nós entremos no mundo Vindouro.
Em relação às nossas jornadas pessoais nós vemos a importância de bitachon, confiança em D’us.
Isto implica uma disposição em partimos em uma viagem sem sabermos nosso destino, com completa confiança que Ele nos guiará e nos levará a um destino muito melhor do que o que nós poderíamos ter concebido por nós mesmos.
 
Por Rabbi Eli Touger

Nenhum comentário:

Postar um comentário