A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


domingo, 18 de março de 2012

A Articulacão dos Estados Espirituais




O objetivo da Luz Infinita/Or Ein-Sof é beneficiar e dar plenitude a tudo o quefoi criado.

Para pôr em prática esses objetivos, deve-se atravessar, obrigatoriamente, váriasetapas:

1) Ein-Sof — Estado deInfinito no qual o desejo não limita a plenitude da Luz, uma vez que, ao nãohaver limite nem medida, tampouco há consciência do desejo como ente separadoda Luz.

Nesseestado, a Luz e o desejo de receber a Luz são Um só.



2) Tsimtsúm — Contração dodesejo de receber com o fim de criar um espaço vazio de Luz, onde a Criação sedesenvolverá.

O“espaço vazio”/”chalal panúi” é necessário, caso contrário a Luz Infinita"preencheria toda a realidade" (Ets Chaím).

Se fosse assim, não haveria nenhum espaço onde a vontade pudesse manifestar-se deforma independente, bem ou mal, anulando dessa forma, o livre arbítriooutorgado ao homem. Além disso, sem esse espaço vazio não existiria a Criação,e continuaria sendo tudo Infinito, sem possibilidade de conscientização porparte do desejo da Neshamá.



3) Cav — Linha de Luz queprovém do Infinito e chega ao espaço vazio. A Luz Infinita penetra lenta egradativamente no espaço vazio, outorgando ao desejo da alma a possibilidade deassimilá-la.

Dessamaneira, o desejo da Neshamá pode discernir e optar entre a Luz do Infinito e aescuridão do espaço vazio.

Estaconsciência é a que faz com que a vontade da Neshamá amadureça espiritualmente,e deseje a Luz por si mesma.

Noestado de Infinito, ao contrário, a plenitude é recebida sem consciência, semvontade nem desejo.

Este processo é similar a qualquer processo de aprendizagem. Se o Mestre não contrai(tsimtsúm) sua sabedoria e a ensina gradativamente, não somente o discípulo nãoconseguirá assimilar nada, como também lhe faltarão desejo e vontade em relaçãoa essa sabedoria, por desconhecimento de seus objetivos. Portanto, se aplenitude da Luz do Infinito não se contrai, ocultando-se do desejo da alma(tsimtsúm) e logo expandindo-se através da linha da Luz/Cav, a Criação não tempossibilidade de existir.



Resumindoas três etapas gerais:

1)O estado de Infinito/Ein-Sof.

2)A contração da Luz do Infinito/tsimtsúm.

3)A linha da Luz que se expande a partir do Infinito até o espaço vazio onde sedesenvolverá a Criação - Cav (“Luz direta” – “Or iashar”).



Até aqui tudo ocorre natural e automaticamente, em todos os âmbitos da Criação.

Todos os processos da natureza e do universo obedecem inexoravelmente estas trêsetapas e leis gerais.

Sua influência é inevitável, sendo impossível escapar dela, pois a força doprocesso criativo através do “cav” da “Luz direta”/”Or iashar” é a força maispoderosa da Criação.

Este processo impulsiona a Criação, a partir da unidade primária do Infinito, à multiplicidade do mundo, sendo seu maior exponente: a força do desejo, que seexpande por todos os âmbitos da vida.

Só a aplicação da vontade, em harmonia com as leis da Criação, pode fazer o desejo retornar, conscientemente, a seu estado original no Infinito/Ein-Sof, elevando consigo toda a realidade.



Seretrocedermos no tempo, observamos que tudo parte de uma unidade original, quelogo vai se subdividindo numa multiplicidade de componentes.

Olhandopara atrás no tempo, observamos mais e mais uma menor quantidade de coisas.

Poroutro lado, avançando no tempo, as quantidades se multiplicam aceleradamente.

Apósa invenção do primeiro automóvel, surgiu uma infinidade de modelos e fábricas.

Esseé um simples exemplo que ilustra como a matéria invade o mundo de forma cadavez mais dominante, até o ponto de nos esquecermos de onde tudo provém e qual éa origem e o objetivo de toda esta multiplicidade.

Apartir de Adám, surgem Adám e Chava, Caim e Abel etc., até chegar em nossomundo atual.

Oprocesso que impulsiona a unidade primária à multiplicidade do mundo material éproduzido pela energia mais poderosa da Criação: o desejo da alma de receber aplenitude Infinita. Enquanto não orientemos nossas vidas em direção àreconstrução da Vontade Original em sua unidade originária, anulando nossoegoísmo, o materialismo reinará no mundo.

Quandonão encontrarmos nenhuma satisfação em nosso egoísmo e quando nosconscientizarmos de nossa verdadeira natureza, transformaremos nosso desejoinsaciável de receber em vontade de dar e beneficiar o próximo. Só entãoestaremos preparados para realmente receber a Tora e colocar em prática o quartopasso desse processo que já não é mais automático, e sim exige de nós o maisinterior e profundo de nosso ser.



4) Or Chozer - Luz que retorna: éa conscientização da vontade e do desejo da Neshamá de retornar à sua origem eà origem de tudo o que foi criado, o Infinito/Ein-Sof

Éo produto da aplicação consciente das Mitsvót, através do estudo de leisobjetivas da Criação codificadas na Torá.

Dissose deduz que, cada vez que o homem sente um desejo, ele não se satisfará deforma instintiva. Ao contrário, ao nos conscientizarmos do que nossos desejosnos -"pedem", e através das leis codificadas na Torá, obtemos avontade e consciência para nos relacionarmos harmoniosamente em todos osâmbitos do mundo material.

Nacabala, o homem desenvolve-se de acordo com ações concretas (Mitsvót), e não deacordo com sentimentos e/ou pensamentos passageiros (ratsón lecabel). Quandodesejo algo do mundo, devo saber como me aproximar dele.

Seme aproximo de forma automática, sem pensar nas consequências, será meramenteum desejo egoísta de receber, que a curto ou longo prazo terminará emsofrimento próprio e de nossos semelhantes.

Poroutro lado, se me relaciono com o mundo respeitando a ecologia espiritualcodificada na Tora, significa que não apenas penso e atuo segundo meus desejos,como também contemplo os outros seres e à totalidade da vida.

Ohomem deve expandir a todos os aspectos da realidade sua vontade e seu desejode dar. Desta forma, ampliará sua consciência e se transformará em um"sócio ativo do programa da Criação", cujo plano consiste embeneficiar todas as criaturas de forma infinita.

Existemquatro índoles gerais do desejo de receber, que nos indicam quatro formas derecepção da Luz Infinita.

Elasconstituem quatro graus de manifestação do desejo de receber em cada um dosmundos: Atsilút, Beriá, Ietsirá, Assiá.

Estasíndoles gerais manifestam-se, por sua vez, em cada um dos quatro mundos dediferentes formas, sendo sua denominação no estrato material do olam Assiá/mundo da Ação: mineral, vegetal, animal e humano-falante.

Aquarta índole do ratsón lecabel, o homem, é o propósito central da Criação.

Estaíndole não se manifesta de uma só vez, e sim vai se ativando, desenvolvendo-see gerando-se nas três índoles que a antecedem.

Vaisurgindo a partir delas, gradativamente, até completar sua forma na quartaíndole.

Orelato da Criação no livro de Bereshit/Gênesis nos indica que o homem é aúltima criatura a se manifestar no processo criativo.

Todaa Criação está a serviço do homem, e nele está toda a Criação.

Comoestá escrito no livro do Zôhar: "O que está acima é igual ao que está abaixo,e o homem é a síntese de todas as coisas".

Nosdesenvolvimentos espirituais, assim como no âmbito material, o último a semanifestar é o objetivo, sendo este, paradoxalmente, o primeiro que surge nopensamento.

Oobjetivo do arquiteto é construir uma casa.

Aprimeira coisa que faz é um poço, depois gradativamente tudo vai tomando suaverdadeira forma, até que finalmente vemos a casa.



Asquatro índoles do ratsón lecabel/desejo de receber no estrato material do OlamAssiá/mundo da Ação de acordo com os ensinamentos do Rabino Ashlag são:



1Reino mineral: primeira índole do ratsón lecabel. É o princípio da revelação doratsón lecabel neste mundo material. Nesta índole há uma potencialidade demovimento mínima e massiva, uma vez que não é percebido o movimento individual.O grau de ratsón lecabel no reino mineral é ínfimo, pois controla a totalidadede uma só vez, como planetas, astros etc., e não é percebido seu controle sobreas particulariedades, pedras, montanhas, etc.



2Reino vegetal: É a segunda índole do ratsón lecabel, através da qualmanifesta-se o domínio de todos os detalhes de si mesmo, uma vez que cadaindivíduo possui movimento próprio em direção à Luz. Também distingue-se noreino vegetal a capacidade de absorver alimento e expelir resíduos.

Diferentementedo reino mineral, no reino vegetal cada ente pode atuar individualmente.



3Reino animal: A terceira índole do ratsón lecabel é imensamente superior, umavez que gera em cada indivíduo um sentido independente de si.

Noreino animal, cada indivíduo pode também se relacionar com seu semelhante, massua consciência a respeito do sofrimento ou da alegria do outro não possui umdiscernimento prévio. Toda reação frente ao outro é meramente instintiva e estábaseada no que recebe ou pode deixar de receber.



4Reino humano-falante: O homem é a medida final e completa do ratsón lecabel jáque tem sentido completo do outro. O homem possui um sentido tão desenvolvidode seu semelhante que pode até chegar a sentir que lhe falta tudo o que aqueletem, até encher-se de inveja por viver a realidade de seu próximo.

Quandotem cem, quer duzentos, e assim sua cobiça pode se expandir no mundo inteiro.

Adiferença do desejo de receber no reino humano e no reino animal é tanta —explica-nos o Rabino Ashlag — que apenas um ser humano pode ter um desejo dereceber maior do que aquele existente no reino animal.

Apotencialidade do homem é tão poderosa que, quando transforma seu desejo dereceber em desejo de dar, pode beneficiar toda a humanidade. (Ver Figura 1(anexo))

Todosos graus da vontade de receber coexistem dentro do homem, e até que ele consigasuperá-los, estes o escravizam e impedem que todos os seus esforços tenhamfrutos verdadeiros.

Comodisse o Rei Salomão, o mais Sábio dos homens:

"Osolhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir. O que foi, isso é o que háde ser, e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há de novodebaixo do sol."

(Eclesiastes1:8-9)



Oconceito debaixo do sol refere-se ao desejo de receber egoísta/ratsón lecabel.

Poroutro lado, sobre o sol está o pleno, o desejo de dar e beneficiar/ratsónlehashpía, que é infinito como a Luz Infinita, que dá ilimitadamente.



Otrabalho espiritual consiste em canalizar todos os graus inferiores da vontadee do desejo em direção ao bem coletivo e à identificação com os graussuperiores da vontade e da consciência, transformando assim o desejo humano emVontade Espiritual-Superior.

AVontade Espiritual inclui todos os graus anteriores da vontade e do desejo emequilíbrio.

AVontade Espiritual aproxima o homem da Luz Infinita, em busca do beneficio paratoda a Criação.

Todasas Mitsvót estão destinadas a purificar a vontade do homem, até uni-la com aLuz; desta forma, todos os desejos se fundem em Uma e Única Vontade.



"Naqueledia Ele (sua Luz/Or) e Seu Nome (a vontade e desejo incluídos na Luz/klí) serãoUm."

(Zacarías14: 9)



As4 etapas gerais — Infinito/Ein-Sof, contração da Luz/ tsimtsúm, linha da Luz/cav e Luz que retorna/Or Chozer — nos proporcionam os elementos gerais paraentender e articular os diversos estados espirituais.

Depoisde produzida a contração da Luz, o espaço vazio resultante atrai a linha da Luzem sua própria direção, pois deseja que esta o preencha novamente, como noestado de Infinito.

Mascomo ainda não está em condições de receber tamanha abundância de Luz, causa o “rompimentodos recipientes de contenção da Luz”/”shevirát hakelim”.

Istoacontece porque ainda não há vontade e nem desejo consolidados em direção àplenitude da Luz e, portanto, a vontade não resiste e termina se rompendo.

Logo,a Luz voltará, mesmo que seja mais tênue, de modo que a vontade e o desejo queimperam nesse estado possam recebê-la gradativamente.



Exemplo:quando o mestre transmite sua sabedoria, o discípulo deve discernir entre avontade do mestre e seu próprio desejo. O Mestre deve ensinar de maneira que odiscípulo possa entender. Se o discípulo não fizer um tsimtsúm de seus desejose idéias a respeito do que o mestre quer transmitir para ele, haverá um choqueentre a vontade do mestre e a vontade do discípulo. Mas, sendo que o conhecimentodo mestre será mais amplo do que o conhecimento do discípulo, o discípulosofrerá uma quebra em suas idéias à respeito do que ele supõe que o mestre querlhe ensinar (shevirát hakelim). Posteriormente, o discípulo, auxiliado pelomestre, reconstruirá novamente sua vontade, mas desta vez o fará com base naexperiência adquirida, o que lhe proporcionará uma visão real sobre a qualbaseará sua aprendizagem.



Esteprocesso é análogo ao encontro entre a Luz e o desejo.

Odesejo deverá, no final unir-se à Luz.

Atéchegar este momento, haverá um longo processo de ações e reações na relaçãoentre desejo e Luz, um processo que culminará, finalmente, com o tão ansiadoequilíbrio.

ACriação é o espaço de encontro entre a Luz e o desejo, e encontrará suaresolução apenas quando o ratsón lecabell/vontade de receber transformar-se emratsón lehashpía/vontade de dar. E então a Criação chegará a seu fim,reintegrando o desejo à Luz, em todos os seus estratos e índoles, “guemarhaticún”/”fim da correção” da vontade e desejo da Neshamá, o fim dos tempos.



Avontade e o desejo deverão reconstruir, conscientemente, o caminho que"percorreram" do Infinito até o plano material, durante o processo dereintegração ao seu estado original.

Nesteitinerário, percebemos vários estados ou etapas espirituais que a Neshamáatravessa a partir de sua raiz no Infinito, quando vai, então, se conscientizandode sua identidade, função e lugar na vida.



Itinerárioespiritual da vontade da alma

1)O Infinito/Ein-Sof

2)Contração do desejo de receber a Luz do Infinito/ tsimtsúm alef

3)Espaço vazio de Luz/chalal panúi

4)Aparição do filtro/massách, que filtra entre os graus de Luz que a vontade e odesejo podem receber.

5)Linha da Luz atraída pelo espaço vazio/cav

6)Luz que retorna/Or Chozer produzida pelo choque da Luz do cav (Luz direta/Oriashar) com o massách/discernimento.

7)Segunda Contração/tsimtsúm bet, que cria novos espaços de manifestação davontade e da consciência, denominados na linguagem da Cabalá: Beriá, Ietsirá eAssiá.

8)Rompimento dos recipientes de contenção de Luz/ shevirát hakelim.

Avontade e o desejo da alma se quebram como conseqüência da abundância da Luz. (VerFigura 2  anexa)



Avontade da Neshamá deve alcançar o grau de receber com o propósito de dar paracomeçar seu trabalho espiritual. Enquanto isso, a Neshamá deverá atravessar,conscientemente, todos os estados de sua manifestação, seu itinerárioespiritual, até encontrar-se apta para poder transformar o desejo de receber emdesejo de dar.

Istosignifica que o desejo e a vontade da Neshamá devem tomar consciência de todosos estados da realidade para poder aplicá-los no trabalho da Torá e das Mitsvót.

Quandodespertamos, a Neshamá retorna novamente ao corpo, devolvendo-lhe aconsciência.

ANeshamá é a linha de Luz (cav) que contém todos os graus da Luz: Néfesh, Rúach,Neshamá, Chaiá e Iechidá, provenientes do Infinito, que nos outorgaconsciência, vontade e desejos.

ALuz está continuamente presente em nossas vidas mas, às vezes, não lhe damos aoportunidade de se manifestar em sua plenitude.

Aluz da vela depende da quantidade e da qualidade do ar para poder iluminar commaior ou menor intensidade.

Oar é denominado, em hebraico, Rúach, exatamente como o segundo nível da alma.Rúach relaciona-se com a emoção, que pode ser positiva (ratsón lehashpía) ounegativa (ratsón lecabel).

Oratsón lehashpía oferece ar (Rúach) para a chama, nossa Neshamá, para quebrilhe mais intensamente.

Deforma oposta, o ratsón lecabel impede a fluência da Luz, que fica restrita peloegoísmo, e que limita a nós mesmos.

Oratsón lecabel contrai a Luz ao mínimo indispensável, sendo suficiente apenaspara manifestar o Néfesh.

Oestado de chalal panúi/espaço vazio e o de shevirát hakelim/ruptura dosrecipientes são dois obstáculos muito poderosos, que a vontade do homem devesuperar para ascender ao estado da Luz que retorna/Or Chozer e aos graussuperiores da Luz.



Rompimento dosrecipientes/shevirát hakelím

Nesteestado, a vontade encontra-se dividida, pois não pôde suportar a intensidade daLuz. Quando a vontade não consegue indicar o rumo correto ao desejo (isto é,receber para partilhar), e sim recebe por egoísmo, impede o fluído da Luz, e avontade se rompe.

Devemossaber discernir entre o real e o imaginário para não nos danificarmos e nemdanificar nossos semelhantes.

Cadaaspecto da realidade tem sua exata função, e esse conhecimento proporciona-nosa sensibilidade necessária para nos relacionar de forma harmônica com a vida.

Paraentender com maior clareza o conceito de shevirát hakelim, eis um exemplo:



Umhomem carente de estudos e preparação herda uma grande fortuna.

Todaessa abundância material domina-o de tal maneira, que pode chegar a seautodestruir e a destruir os outros, se não souber como administrar toda essafortuna (shevirát hakelim).

Nocaso inverso, uma pessoa tem em suas mãos toda essa energia, através da qualdecide criar fontes de trabalho para muitas famílias, ajudar a estudiosos adesenvolver e difundir suas idéias, etc.

Emoutras palavras: possui os instrumentos para dar à mencionada energia o rumocorreto, ou seja, receber para partilhar.

Quemse vê identificado com o estado de shevirát hakelím, deverá esforçar-se paraunificar sua vontade e encontrar a sabedoria que aproxime sua vontade e desejoda linha da Luz (cav) que provém do Infinito/Ein-Sof.

Enquantoa vontade estiver fracionada, o homem vê a si mesmo paralizado face à vida e aotrabalho espiritual, pois não percebe a realidade dividida sem perceber aunidade que existe sobre a aparente multiplicidade.

Mas,como em qualquer quebra-cabeças, deverá colocar as "peças" em seusexatos lugares.



Espaço vazio deLuz/Chalal panúi

Esteestado constitui o obstáculo mais perigoso para alma, e devemos evitá-lo detodos os modos. Se cairmos neste estado, deveremos usar todas as nossas forçaspara dele sair.

Aforça do chalal panúi é poderosíssima, pois é a ausência de Luz, o vazio, e assimcomo o Infinito preenche toda a realidade com sua Luz, o chalal panúi é todoescuridão.

Tantono estado de Infinito/Ein-Sof quanto no estado de chalal panúi/espaço vazio,não há possibilidade de trabalho espiritual.

NoEin-Sof não há parâmetro nem medida, pois tudo é Luz e não há o que agregar àplenitude e perfeição lá reinantes.

Poroutro lado, no chalal panúi tudo é vazio, sem nenhum parâmetro, nem medida nemrelação, e o que aparentemente é movimento, não é mais que uma ilusão, porque odesejo e a vontade não sofrem nenhuma mudança nem aprendizagem. Somente ocav/linha de Luz Infinita, que penetra no chalal panúi, pode nos oferecer Luzlogo em seguida ao tsimtsúm, e assim ter um parâmetro referencial de como sairda monotonia espiritual e da dependência do desejo de receber egoísta/ ratsónlecabel, imperante no chalal panúi.

Assim,do tsímtsúm só será possível receber a plenitude da Luz aplicando-se a vontadee o desejo de dar. Ou seja, discernindo (filtrando através do massách) onde ecomo aplicar nossa vontade e nossos desejos.

Sóé possível discernir com base em parâmetros reais, apoiados nas leis objetivasque regem os diferentes estados da realidade.

ATorá é o cav que consegue nos aproximar gradativamente dos estados luminosos,deixando para trás a escuridão do chalal panúi.

Nãoobstante, devemos saber como realizar a leitura correta dos códigos que a Torános transmite.

"Oencadeamento dos mundos é o encadeamento das almas" — ensina-nos o SábioRabino Ashlag.

ALuz da Neshamã é uma parte do Criador, já que cada aspecto da realidade éformado por graus desta Luz, por Neshamót que formam os degraus que nosconduzem ao Infinito/Ein-Sof.

Istonos indica que devemos ser guiados por um verdadeiro mestre e iniciado, parapoder encontrar o caminho correto que ative nossa Neshamá.

Atravésdele, conseguimos decifrar a linguagem da Torá em sua forma original e nos unira corrente de almas e mundos, porque quem faz parte do fluxo de Luz, ele mesmoé Luz.



Estesdois obstáculos — o rompimento dos recipientes/ shevirát hakelim e o espaçovazio da Luz/chalal panúi — aparecem constantemente em nossas vidas.

Somenteo discernimento/massách no cav/linha de Luz proveniente do Infinito podeoferecer-nos a claridade necessária para "montar o quebra-cabeças"provocado na raz da shevirát hakelim.

Apartir disso, o cav poderá iluminar o caminho de retorno à plenitude Infinita,conseguindo, dessa forma, sair da escuridão espiritual do chalal panúi.

Ocav/linha de Luz está codificado na Tora, transmitida escrita e oralmente com ofim de que a apliquemos.

OOr iashar/Luz direta — a manifestação de todos os aspectos da realidade (olamót/mundos)— e o Or Choze/lLuz que retorna (Orót/graus da alma) estão contidos e só semanifestam através do cav proveniente do Infinito (Ver Figura 3 anexo).



Oestudo profundo da Torá, através da cabalá, nos proporciona a sabedoria parapoder aplicar as Mitsvót com consciência, e alcançar a emuná/treinamento daentrega para superar as diferentes formas que tanto o chalal panúi quanto oshevirát hakelnn adotam em nossas vidas.

OOr circula constantemente pelo cav.

Nossotrabalho espiritual consiste em canalizar essa energia, transformando-a embenefício coletivo (ratsón lehashpía).

Destaforma, revestem-se gradativamente os 5 graus do Or — Néfesh, Rúach, Neshamá,Chaiá e Iechidá — nos cinco mundos: Adám HaCadmon, Atsllút, Beriá, Ietsirá eAssiá (Ver Figura 4 anexo).



Por:Chaim David Zukerwar

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