A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


quinta-feira, 8 de março de 2012

Certeza



Durante os nove meses que passamos no útero de nossas mães, um anjo fica segurando uma vela para nós, ensinando-nos a sabedoria do universo.
Ficamos sabendo de tudo, desde o princípio do mundo até o fim do mundo.
Quando estamos para nascer, o anjo nos dá um golpe no lábio superior que nos faz esquecer tudo o que aprendemos.
Contudo, traços de memória permanecem em nossas almas, a idéia de Deus ressoa conosco, e é em cima dessa ressonância e dessas memórias residuais que nós construímos nossa consciência.
Entramos no mundo físico com a nossa identidade esquecida.
Mas em algum lugar de nossas almas nos lembramos de alguma coisa.
O potencial de nos tornarmos como Deus se revolve.
Essas memórias são a base para o que os cabalistas chamam de certeza.
A certeza, de acordo com o Zohar, é um dos segredos para ativar nossa natureza divina - certeza não somente de que podemos alcançá-la, mas de que iremos alcançá-la.
A certeza é um receptor.
De acordo com a Cabala, para que a luz do Criador se revele, é preciso que haja um receptor para recebe-la.
O nome desse receptor é certeza.
E o nível de luz revelado depende da força dessa certeza.
O Zohar afirma que não existe nenhum momento em que não haja luz.
É unicamente o receptor que limita a quantidade de luz manifestada.
Quando alcançamos certeza total, nos tornamos como Deus.
O oponente é anti certeza.
O oponente é o semeador da dúvida, o fator limitante do receptor.
No paradigma de insignificância do oponente nós não nos tornamos como Deus porque acreditamos que não podemos nos tornar como Deus.
A Bíblia conta a história de uma mulher de Shunam que cuidava do profeta Elisha.
"Você cuidou tão bem de mim", disse Elisha para a mulher. "O que eu posso fazer por você? Posso interceder com o rei em algum assunto ou com algum dos generais dele? Como posso fazer alguma coisa por você?"
A shunamita respondeu que era uma mulher simples, sem pedidos especiais.
Mas depois que ela foi embora, Elisha perguntou em voz alta: "O que eu posso fazer por esta mulher fiel?"
Gehazi, seu ajudante, respondeu: "Mestre, a shunamita é uma mulher idosa e nunca teve um filho."
Elisha chamou-a de volta e disse a ela: "Você dará à luz um filho", especificando o dia exato em que o filho nasceria.
Estupefata, a shunamita respondeu: "Não brinque comigo. Não minta para mim", mas Elisha calmamente reassegurou-a de que isso aconteceria exatamente como havia sido profetizado.
E aconteceu.
Ela teve um menininho no dia exato da profecia de Elisha.
Anos se passaram e a criança cresceu.
Um dia, enquanto cortava feno no campo, o menino reclamou de uma dor de cabeça.
Sua condição piorou e mais tarde, sentado no colo de sua mãe, ele morreu.
A shunarnita carregou o menino para a cama onde Elisha dormia quando estava na cidade, e o deitou nela.
Fechou a porta, procurou o marido e disse: "Mande-me um dos empregados - um dos jovens que trabalha com você - e também um dos burros, e eu irei ao Homem de Deus, que está ensinando nos arredores da cidade."
O marido perguntou por que ela ia ao profeta, já que não era o primeiro dia do mês nem o sábado, mas a shunamita simplesmente disse: "Que a paz esteja com você. Até logo."
Ela foi até o Monte Carmel onde Elisha estava ensinando, e quando o profeta a viu pediu a Gehazi que perguntasse notícias da família dela.
A shunamita disse ao ajudante que estava tudo bem.
No entanto, quando chegou ao lugar onde Elisha estava, ela agarrou as pernas dele com os braços. Gehazi veio afastá-la, mas o profeta disse: "Deixe-a.
Ela está em grande dor. Deus não me permitiu saber disso; Ele não me permitiu ver, e Ele não me contou."
Em lágrimas, a mulher se lamentou: "Por acaso eu pedi um filho a Deus? Não pedi. Eu roguei que você não me fizesse de boba. Que tipo de favor foi este de me dar um filho que morre tão jovem?"
Elisha mandou Gehazi colocar uma capa, pegar seu bastão e ir colocá-lo sobre o rosto da criança.
"Se você cruzar com alguém", Elisha preveniu, "não fale sobre este assunto. Mesmo se alguém saudar você, não responda."
A mulher ficou bem perto de Gehazi enquanto ele se dirigia à criança, prometendo que não se afastaria dele enquanto ele não tivesse revivido seu filho.
Contudo, apesar do aviso de Elisha e dos protestos da shunamita, Gehazi contou sua missão para diversos conhecidos que encontrou.
Quando chegaram à criança, ele colocou o bastão no rosto do menino, conforme Elisha havia instruído, mas nada aconteceu.
O menino estava imóvel como uma pedra, sem mover nem uma pálpebra.
Gehazi e a shunamita correram de volta para Elisha, e a mãe começou a soluçar incontrolavelmente.
Elisha vestiu sua capa e foi ele mesmo à casa da mulher.
Fechou a porta do quarto, rezou para Deus, e se deitou em cima da criança. Colocou sua boca sobre a boca do menino, seus olhos sobre os olhos do menino, e suas mãos sobre as mãos do menino.
Lentamente, o corpo da criança se aqueceu.
Elisha se levantou, caminhou pelo quarto por alguns instantes, e depois se deitou novamente em cima do menino.
Repetiu esse procedimento sete vezes, e depois da sétima vez a criança abriu os olhos.
O profeta mandou Gehazi, ir a shunamita.
Ela entrou no quarto e, ao ver seu filho vivo, caiu de joelhos e se curvou diante de Elisha.
Chorando, mas agora com lágrimas de alegria, ela pegou o menino no colo e saiu.
Esta é a história do receptor chamado certeza, criptografada com diversos níveis de significado.
Por que a mulher disse até logo para seu marido em vez de informá-lo da morte do filho?
A resposta está na tecnologia da certeza.
Quando não acreditamos que a morte possa ser vencida, isso não acontecerá.
A falta de certeza fecha o receptor
A shunamita não contou ao marido porque sabia que o nível de certeza dele não abrangia a idéia de o filho retornar da morte.
Se ela tivesse contado ao marido, o profeta teria sido incapaz de operar o milagre. O pai com certeza teria rezado pela ressurreição do filho.
Ele gostaria muito de acreditar na possibilidade.
Mas querer acreditar não é o mesmo que ter certeza.
Apesar de serem boas as intenções, ainda assim elas limitam o receptor.
Este é o insidioso poder da dúvida.
Muitos consideram a Bíblia como a palavra de Deus, no entanto se recusam a crer na possibilidade da ressurreição, embora esteja declarada nas páginas da Bíblia.
É o trabalho do Oponente, plantando suas sementes nos campos da dor, do sofrimento e da morte, convencendo-nos de que não podemos nos tornar como Deus.
Porque o Oponente conhece o poder da certeza ativada, o saber último de quem nós somos e daquilo que podemos nos tornar: Deus.
Com a certeza como um alicerce, podemos abordar nos próximos textos: um conjunto impressionante de afirmações que mudará para sempre nossas vidas.
Por: Michael Berg

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