A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


quarta-feira, 21 de março de 2012

Tudo o que Realmente Desejamos na Vida é Luz Espiritual



Quando eu era criança, meu pai costumava me contar um conto cabalístico tradicional sobre um reino em  que tudo que todo mundo sempre fazia era reclamar.
Um homem reclamava que não tinha leite suficiente para alimentar a família, enquanto seu vizinho tinha o bastante para sua mulher e sua filha se banharem no leite. Outro homem reclamava que seu trabalho exigia que ele trabalhasse doze horas por dia, enquanto seu colega que vivia na mesma rua só tinha que trabalhar nove.
Uma mulher reclamava que seu filho chorava a noite toda, não a deixando dormir, enquanto o filho de sua irmã nunca soltava um pio.
As pessoas reclamavam tanto que, por fim, o Rei ordenou que todos se reunissem na praça central e trouxessem lápis e papel.
Resmungando, os súditos se reuniram.
Os que tinham chegado cedo se sentaram nos poucos bancos de pedra disponíveis, enquanto os retardatários ficaram de pé observando-os invejosos.
O Rei teve que fazer várias tentativas para silenciar seus súditos infelizes, tão preocupados estavam eles com todas as suas queixas.
Quando o Rei finalmente atraiu a atenção de todos, pediu que cada pessoa dobrasse o seu papel em dois.
No lado direito, teriam que fazer uma lista sincera de tudo que tinham e, no lado esquerdo, uma outra lista sincera de todas as coisas que não tinham.
Houve um farfalhar de papéis, seguido de murmúrios e pescoços esticados para comparar a extensão das listas, mas, depois de certo tempo, a tarefa estava concluída.
O Rei então pediu que seus súditos fossem de um em um em busca de uma lista que considerassem mais atraente do que a sua. Ao encontrar, teria toda a liberdade de pegá-la. Mas tinham que pegar tudo, explicou ele, o bom e o ruim.
Houve então uma corrida caótica para o homem mais rico do reino.
Suas terras e seus rebanhos eram vastos e sua casa imponente contava com inúmeros empregados para servi-lo.
Mas uma olhada na sua lista revelou que seu filho estava morrendo de uma doença incurável e que sua mulher não o amava mais.
Nem mesmo a pessoa mais pobre do reino queria um casamento sem amor e um filho moribundo.
Então a multidão correu para o próximo homem mais rico. Mas apesar de suas terras também serem vastas, ele era incapaz de gozar de sua abundância por causa da amargura que trazia em seu coração devido ao estupro de sua filha.
O pai do próximo homem mais rico do reino tinha ficado louco e exigia cuidados constantes.
O próximo homem mais rico depois deste tinha perdido a perna num acidente e o seguinte sofria de depressão profunda. E assim continuou até que cada pessoa do pequeno reino tivesse comparado sua lista com a dos outros.
O sol tinha se posto.
Ninguém tinha comido.
Ninguém tinha ido para casa, nem alimentado os animais.
Por fim, o Rei caminhou imponente para o meio da praça e perguntou como as pessoas se sentiam em relação à sua sina agora.
Devagar o povo abaixou a cabeça, como se estivesse acordando de um longo sono. Nenhuma lista tinha sido trocada.
Graças à sabedoria de seu Rei, esses citadinos tinham afastado a cortina de seus egos e feito contato com a Luz.
Que momento forte eles tinham compartilhado!
Voltaram para casa com uma apreciação nova e vibrante de suas vidas.
Mas é imaginar que dias depois — ou certamente semanas depois — esses mesmos súditos poderiam ter esquecido de tudo que tinham aprendido naquele dia.
É fácil vê-los mais uma vez invejando o vizinho que podia dormir até mais tarde ou os que tinham empregados para lavar suas roupas ou afofar seus travesseiros.
Isso porque não somos capazes de acessar a Realidade dos 99% sempre que decidimos fazê-lo.
Mas imagine se pudéssemos!
Como aprendemos aqui, na Realidade do 1%, estamos lidando com os efeitos, mas, na Realidade do 99%, somos capazes de acessar a causa.
A causa é a chave de nossa transformação espiritual.
Lembra da gripe persistente de que falamos antes?
Se continuarmos a tratar a garganta irritada, o nariz escorrendo ou o peito congestionado, com certeza teremos algum alívio, mas é provável que a gripe volte ainda mais forte depois de um certo tempo. Mas se fizermos uma pesquisa e descobrirmos, por exemplo, que temos uma alergia a laticínios, teremos encontrado a causa! Ao cuidar da alimentação, podemos nos ver livres dos sintomas para sempre.
Pense nisso da seguinte forma: se você mudar um galho de árvore, mudará o galho. Modifique uma folha e mudará a folha. Mas se puder modificar as informações genéticas dentro da semente original, poderá afetar a árvore inteira — galhos, folhas, frutos e tudo mais.
Continuando com essa analogia um pouco mais, pense na Realidade dos 99% como sendo o DNA de nossa realidade.
A raiz.
A causa de todas as causas.
É por isso que você precisa identificar seus sintomas e guiá-los para as causas. Uma vez identificada a causa, ela poderá ser atacada.
Caso contrário, você continuará a sentir que a vida simplesmente está passando por você.
Se pusermos de lado nossos desejos materiais na vida — os desejos que estão conectados com a Realidade do 1%, descobriremos que os desejos que compartilhamos não podem ser medidos ou pesados numa balança ou guardados em nossas mãos.
Não podemos usá-los para ir para escola ou dirigi-los para pegar uma garota para um encontro. Não perderemos o sono pensando se passaremos ou não neles.
Nem poderemos vendê-los para ganhar um dinheiro extra.
Certamente não podemos fumá-los, bebê-los ou cheirá-los.
Nossa lista não material pode incluir itens como paz de espírito, segurança física, segurança financeira, felicidade, saúde, amor, contentamento, realização pessoal, alívio do medo e da ansiedade, liberdade, controle e sabedoria.
Todas estas são qualidades da Luz.
Apesar de meus anos de escola terem sido dolorosos sob vários pontos de vista, nunca me senti vazio. Isso porque sempre soube que tinha o amor dos meus pais e do meu irmão.
Isto com certeza não era uma roupa legal que eu pudesse usar para ir para a escola, por isso nunca tive que me preocupar se ia sair de moda.
Não podia dirigir isto, logo não havia preocupação sobre como iria parecer sem graça do lado de um novo Ford Mustang.
O amor da minha família me dava paz de espírito, felicidade e alívio do medo. Minha conexão com isto estava fora do domínio da Realidade dos 99%.
Por causa disso, nunca me senti sozinho.
Meu pai compara a experiência da Realidade do 99% com aqueles momentos indistintos quando estamos meio adormecidos e meio acordados — quando estamos conscientes de que estamos sonhando e tentamos desesperadamente nos apegar à trama que nos conecta com o sonho, mas sabemos que se nos agarrarmos com muita força à trama, vamos perder o sonho de uma vez por todas. É assim que nos sentimos quando perdemos nossa breve conexão com a Luz. Desconectarmo-nos da Luz é a fonte de nossa infelicidade.
Sempre que nos sentimos deprimidos, frustrados ou ansiosos, é porque perdemos contato com a Realidade dos 99%.
Assim como os súditos do reino, ficamos preocupados, nesses momentos, com quem esta tomando banho de leite e quem não está.
E claramente, se não formos nós, temos um problema.
Banhos de leite são um prazer delicioso da Realidade do 1% e devem ser aproveitados sempre que possível, mas banhos de alma é o que realmente estamos almejando.
Se minha relação com minha família não tivesse me permitido acessar a Luz, se ela não fosse um lembrete consistente da proximidade da Realidade do 99%, talvez não tivesse sobrevivido à minha adolescência, pelo menos não inteiro emocionalmente.
Se focarmos em todas as coisas da Realidade do 1% que estamos perdendo — se olharmos para as coisas materiais que temos e as coisas que nos faltam como indicações de quem somos — nunca ficaremos felizes por mais de uns poucos momentos de cada vez. Mas se confiarmos que achar um caminho para ter acesso à Luz é o caminho para a felicidade infindável e para a alegria constante, então estaremos no caminho para a realização de todos os nossos desejos.

Por: Yehuda Berg

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