A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


sexta-feira, 16 de março de 2012

O Zohar



O Baal Shem Tov foi um dos raros gigantes na história que completou sua própria jornada para se tornar como Deus.
Quando um decreto negativo era emitido, e o mal estava descendo sobre seu povo, o Baal Shem Tov ia a um lugar específico na floresta, acendia um fogo, e dizia uma oração especial.
Acontecia então um milagre e o infortúnio desaparecia.
Uma geração depois, quando seu discípulo o Magid de Mezritch tinha que intervir com os céus, ele ia para o mesmo lugar na floresta e dizia: "Senhor do universo, ouça-me. Eu não sei rezar como meu mestre, mas ainda acendo o fogo."
E o milagre acontecia de novo.
Na geração seguinte, quando o discípulo do Magid, Rav Moisés Lev tinha que intervir com os céus, ele também ia para a floresta e dizia: "Eu não sei acender o fogo, eu não sei a reza, mas eu me lembro do lugar, e acredito ser o suficiente."
E era o suficiente.
Na geração seguinte, o aluno pôs as mãos na cabeça e se dirigiu a Deus: "Senhor do universo, ouça-me. Eu não sei mais como acender o fogo, eu não sei a reza, eu não consigo nem achar o lugar na floresta. Tudo o que sei é contar a história, e acredito ser o suficiente."
E era o suficiente.
O mero fato de pegar o Zohar, o Livro do Esplendor, para simplesmente escanear suas letras em aramaico e permitir a entrada da energia infundida nelas, é se colocar face a face com aquilo que os cabalistas têm considerado por milhares de anos como a mais poderosa de todas as ferramentas para aniquilar o ego e se reunificar com Deus.
É uma energia incrustada nas páginas de um livro.
É o texto, ferramenta e tecnologia central da Cabala.
É a origem dos segredos para se tornar como Deus.
O Zohar resiste a definições.
É um guia vasto e abrangente para a natureza divina perdida de nossas almas.
É um compêndio de virtualmente toda informação a respeito do universo, cuja sabedoria a ciência só hoje está começando a verificar.
Mas seus códigos, suas metáforas e sua linguagem enigmática não são dados a nós puramente para compreensão.
Servem também como canais para energia, entendamos ou não.
O Zohar não somente expressa a energia de Deus, ele incorpora a energia de Deus.
Desde o momento da criação deste mundo, sabendo o trabalho que enfrentaríamos ao nos tornarmos como Deus, o Criador preparou um lugar onde ficariam armazenados a sabedoria para esta transformação e o poder e a energia para completa-la. Assim, nos conectamos com o Zohar para nos tornar como Deus.
E quando estamos lendo, estudando ou escaneando o Zohar, permitimos que a energia da criação que vive nas formas de suas letras em aramaico fale, de forma silenciosa e misteriosa, na linguagem de um outro mundo, diretamente às nossas almas.
 
O Domínio de Gigantes
Eles são uma linhagem de gigantes, homens e mulheres que se completaram, superaram o Oponente e se tornaram como Deus.
Ao longo do caminho eles deixaram portais para nós todos, para que também nos liguemos ao seu poder.
Não é coincidência que todas essas grandes almas tenham se reunido para revelar a Luz do Zohar. Rav Shimon bar Yochai revelou a totalidade do Zohar há 2 mil anos, em colaboração com uma assembléia histórica de seres transformados - alguns em corpo, outros em alma -, uma assembléia que incluiu nada menos que Moisés e Elias. Depois disso, os gigantes que se seguiram retiraram sua sabedoria e energia desta fonte única de poder e formaram a sabedoria da Cabala a partir de suas revelações.
Um livro que um ser transformado outorga a gerações vindouras não é mera informação, ou registro de vida, ou compêndio de idéias.
É uma unidade móvel de força, uma transmissão direta de energia armazenada dentro de uma bateria espiritual.
Ela permanece acessível para sempre para todos nós que precisamos acessar sua força para a batalha que travamos.
Conectar-se desta maneira com a energia de gigantes é um ato de intenção consciente.
Pegamos o Zohar, senão com temor e tremor, pelo menos com admiração e respeito.
Estamos na presença de um campo de força.
Quando um cabalista escreve, sua essência é injetada na obra.
Queremos nos conectar com sua consciència, seu poder, sua certeza, sua clareza, para podermos despertar nossa própria consciência limitada.
Nossa leitura do Zohar nos conecta diretamente com a consciêncía do Rav  Shimon bar Yochai
 
Um dia, quando Rav Shimon bar Yochai saiu com seu filho, eles viram o mundo de repente mergulhar numa escuridão. Toda luz desapareceu do mundo, e surgiu um anjo, do tamanho de uma enorme montanha, soprando trinta chamas de fogo pela boca.
Rav Shimon falou: "O que você pretende fazer?"
O anjo respondeu: "Vou destruir o mundo, porque não há trinta homens justos nesta geração."
Rav Shimon disse a ele: "Vá, por favor, diante do Sagrado, e diga a Ele, 'se não há trinta justos no mundo, há vinte, e se não há vinte, há dez, porque está escrito que o mundo não será destruído pelo bem de dez homens. Se não há dez, há dois - meu filho e eu - porque está decretado que dois bastam. Se não há dois, há um - eu, Rav Shimon - porque está escrito que uma pessoa justa é uma fundação eterna'."
Nesse momento uma voz ressoou do céu, dizendo: "Feliz é sua porção, Rav Shimon. O Sagrado emite um decreto, mas você o anula abaixo."
 
Esta é a lição do anjo da destruição: Quando estamos completamente conectados com Deus, como era o caso de rav Shimon, quando triunfamos acima do ego e nos conectamos totalmente com nossa natureza divina, podemos parar qualquer tipo de mal — incluindo a destruição do mundo.
 
Rav Moisés Luzzatto foi outro gigante.
Ele via o mundo como um grande labirinto onde os seres humanos caminham em estado de ignorância enquanto as almas dos transformados, aqueles que derrotaram o Oponente, sentam por cima em galhos de árvores e nos direcionam.
O labirinto no qual caminhamos hoje é uma consciência coletiva com a medida de força de seis bilhões de pessoas, consciência de dor, sofrimento e morte, uma crença com a força de seis bilhões de pessoas no valor último do ego.
Cada um de nós é uma parte desta consciência mundial, cada um de nós dominado pelas incríveis forças mobilizadas no time do ego e da Escuridão.
Não há esperança de se completar a jornada para Deus sem uma infusão maciça de energia da Luz, por cortesia dos gigantes sentados lá em cima, em seus galhos de árvores.
A consciência deles é mais importante que sua sabedoria.
A energia deles nos provê armas contra a inércia de seis bilhões.
Rav Shimon bar Yochai, em essência, vive em dimensões profundas dentro dos átomos das letras do Zohar, uma fonte de poder livre das limitações deste mundo. As pilhas estão sempre incluídas.
 
A pedra quer retornar à montanha
Começa com a montanha.
Termina com a montanha.
No ínterim, há a idade das pedras.
Pedras são pedaços da montanha, idênticas em essência, existindo somente por causa da separação.
Seres humanos são pedaços de Deus, idênticos em essência, existindo somente por causa da separação.
Como pedras querendo se unir de novo com a montanha, os seres humanos desejam retornar a Deus, mas, no caso dos humanos, Deus também anseia por nosso retorno a Ele, com um desejo ainda maior que o nosso, e oferece Sua ajuda.
 
Um aluno do Rav Ashlag chegou-se a ele com tristeza.
"Mestre, eu tentei me livrar da Escuridão dentro de mim. Tentei quebrar o Desejo de Receber Somente para Mim Mesmo. Esforcei-me para diminuir meu ego. Fiz tudo que o senhor me ensinou. Mas tenho que admitir uma coisa."
O aluno fez uma pausa, apreensivamente. "Tenho que confessar que, apesar de ter tentado tudo em meu poder, não consigo fazê-lo."
E abaixou a cabeça.
Para espanto do aluno, Rav Ashlag bateu palmas com alegria.
"Mas mestre", disse o aluno, "eu sei o quanto o desaponto por meu fracasso em entender seus ensinamentos. Por que o senhor está tão feliz?"
Rav Ashlag falou: "Você não pode alcançar a transformação que tenho lhe ensinado sem a ajuda do Criador E você não pode receber a ajuda de Deus a não ser que compreenda profundamente que sem ela você é incapaz de mudar"
 
A jornada para se tornar como Deus pode parecer uma tarefa intransponível, mas,
para nossa enorme ventura, não estamos sozinhos.
Precisamos somente da certeza de que a ajuda é necessária.
E quando esta certeza é conquistada, a ajuda virá.
 
Como o grande cabalista Rav Brandwein certa vez escreveu para o Rav. Berg, que estava ocupado no caminho de ser um dos primeiros cabalistas a difundir o Zohar pelo mundo: "Não se preocupe por que há mais força do nosso lado do que do lado deles."
Há mais forças do nosso lado do que do lado deles.
Ele queria dizer que temos a ajuda de gigantes que vieram antes e em cujos ombros estamos montados. Temos a ajuda de um gerador de energia único chamado Zohar. E, é claro, quando nosso comprometimento é inexorável, temos a ajuda de Deus.
 
Por: Michael Berg

Nenhum comentário:

Postar um comentário