A espiritualidade frequentemente sai pela janela no instante em que entramos em uma discussão, tropeçamos em uma crise ou caímos em depressão.



A escuridão toma conta tão rapidamente que esquecemos de tudo que aprendemos.



É por este motivo que é bom estudar diariamente, ler uma passagem da torah ou algum texto inspirador, decorar uma citação ou assistir uns minutos de uma palestra para nos lembrarmos do que é realmente importante.



Dê a sua mente algo para mastigar, para que ela não mastigue a si mesma.



Yehuda Berg


domingo, 4 de março de 2012

Uma Fresta na Porta da Prisão


 
Era uma vez um príncipe que morava num grande palácio.
Estava lotado de tesouros de todos os cantos da terra: tapetes persas, tapeçarias francesas, mesas esculpidas a mão, e as mais lindas pinturas da Europa e da Ásia. Seus quartos estavam cheios de bandejas de prata com frutas, orquídeas e buquês de flores exóticas.
Mas havia um problema: venezianas lacravam todas as janelas.
Nem um único raio de sol penetrava, e o palácio vivia na escuridão.
O problema era que o príncipe desconhecia a abundância que o rodeava.
Um dia, um empregado pegou coragem e perguntou ao príncipe por que ele habitava um palácio tão escuro como a noite mais densa, e o príncipe ficou atônito. Ele não tinha idéia de que havia alternativa.
Com alegria, o empregado abriu as venezianas do palácio pela primeira vez, e de repente o príncipe pôde ver a beleza e a abundância em toda parte.
Elas estavam ao seu alcance o tempo todo.
Ele simplesmente tinha sido incapaz de vê-las.
 
Assim como as venezianas nesta história, existe uma fresta na porta da nossa prisão.
Não sabemos como ela surgiu.
Mas ela muda tudo.
A luz do sol banha a escuridão e imagens de um mundo imensamente alegre dançam na parede.
De repente, percebemos que, na verdade, a prisão não é o mundo, conforme  fomos levados a crer.
É meramente uma prisão.
Pode ser uma prisão com acesso em alta velocidade à internet, mas não deixa de ser uma prisão, cujos muros são o sofrimento e cujos portões são a morte.
A fresta na parede nos desafia a fazer uma avaliação implacável de nossa situação, a versão para maiores de 18 anos, não a versão com censura livre.
Temos que compreender que esta vida é uma prisão
Em vez de gerar desespero, na verdade esta avaliação é uma afirmação de liberdade e esperança.
Desaparecer no tempo, estar destinado a morrer apegado a uma ilusão de separação de Deus – estas são as origens últimas do desespero
Substituí-las requer uma decisão. Cruzar uma fronteira
É como se estivéssemos numa situação destrutiva, doentia, num relacionamento amoroso degradante ou num emprego insatisfatório, e depois de todas as negações e racionalizações, fôssemos atingidos por um momento de clareza, quando de repente cai a ficha.
Não dá mais para ficar fazendo contas, não dá mais para pesar judiciosamente os diversos prós e contras.
Simplesmente vamos embora, porque sabemos que temos que ir.
 
Esta é a impetuosidade do comprometimento necessário para deixar esta existência de dor e sofrimento e retornar para um mundo de felicidade.
A jornada para se tornar como Deus deve se tornar mais do que uma idéia intrigante.
Deve se tornar uma compreensão que invade nossas células com a força do destino, uma compreensão de que uma união sem costuras com Deus — onde os pensamentos de Deus se tornam nossos pensamentos, as ações de Deus se tornam nossas ações, as intenções de Deus se tornam nossas intenções — é um processo natural, não uma conversão religiosa.
É uma transformação que se dá num lugar invisível de nossas almas, tão natural como uma semente que se torna um carvalho, e que não tem nada a ver com fé, moralidade ou ganhar o paraíso com base no bom comportamento.
É uma transformação nascida da mais antiga de todas as ciências da verdade, a Cabala, e Cabala não é religião, mas sim tecnologia — tecnologia que antecede a religião.
 
A pergunta passa a ser por que, se a fuga é um processo tão natural, ela é uma estrada tão pouco viajada?
Por que tão poucos na história tiveram sucesso em se libertar dos muros desta prisão?
A resposta é que o caminho para a liberdade nos conduz a passar pelo guarda de prisão derradeiro, a força negativa a qual os textos antigos se referem como Desejo de Receber Somente para Si Mesmo.
É uma força programada dentro dos átomos de nossa natureza física que se opõe  a qualquer esforço que façamos para mudar.
Então, de agora em diante, darei um nome a esta força: o Oponente.
A não ser que entendamos a natureza traiçoeira do Oponente, não há esperança de escape.
O Oponente vem vestido nas roupas de um amigo, e não no uniforme de um guarda, e depois nos trai indefinidamente, nos colocando nas mãos de nossos captores.
Ainda pior, o oponente nos convence de que ele é cada um de nós. o que chamamos de vida é um grande caso de engano de identidade, e enquanto nós não distinguirmos nossa identidade da do oponente, continuaremos prisioneiros.
 
Portanto, vamos começar uma jornada numa autoestrada de transformação, impulsionados pela repulsão ao Oponente.
Uma jornada conduzida de forma infinita, implacável e alegre, na qual nos perguntamos a cada momento — será que esta escolha está me aproximando ou me afastando de Deus?
É claro que a mente dirá: Isto é apenas um texto.
Não pode ser sério.
Que chance tenho de me lembrar desta natureza divina que eu supostamente possuo cada vez que tomar uma decisão?
Como eu posso escalar muros que tão poucos antes de mim já escalaram?
O Oponente fica feliz que você pense assim.
 
Mas Santos Dumont não pensava assim.
Nem Leonardo da Vinci.
A cada mudança de paradigma, o impossível apresenta suas credenciais impecáveis.
É ultrapassado, e o impensável se torna a norma.
 
E agora mais uma mudança sísmica ocorreu.
Temos a sorte de estarmos vivos para o momento mais extraordinário na história da consciência humana.
É um momento no qual aquilo que já foi absurdo se tornará lugar-comum:
Agora é possível para um grande número de pessoas escapar da prisão da dor, do sofrimento e da morte.
E ao fazê-lo, eles formarão uma massa crítica que mudará o mundo para todos os outros.
Agora se trata apenas de uma questão de mecânica.
 
Com qual pequeno instrumento cego nós cavaremos os muros da masmorra, dia após dia, ano após ano, até o dia em que respiraremos a luz do sol?
Chegaremos lá.
Que esperança temos contra o pérfido guarda que muda de forma, que fica nos portões da prisão?
Chegaremos lá.
Estes textos que enviaremos são um convite para uma jornada, a jornada suprema de prisioneiro a Deus.
É estendido a você por cortesia de uma fresta que acabou de se abrir na porta nesta era na qual somos bastante afortunados de viver.
 

Michael Berg

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